24 | I Série - Número: 094 | 12 de Junho de 2008
ganha o nome de Lusa Atenas, mas é a esta atmosfera de saber e cultura europeias que a Inquisição e a contra-reforma virão pôr fim.
Há-de, contudo, o séc. XVIII fazer regressar à Universidade um ciclo de brilhantismo de que a Biblioteca Joanina é a primeira das referências.
O grande impulso é trazido pessoalmente a Coimbra pela mão do Marquês de Pombal, num gesto de declaração de guerra ao conservadorismo reinante. A partir daí, a Universidade de Coimbra fica na posse de um complexo científico e museológico altamente significativo nos planos nacional e internacional.
Este confronto entre uma Universidade aberta ao mundo e uma Universidade livresca e fechada nos seus privilégios não é só de hoje, é a própria história da Universidade de Coimbra.
Com Salazar a Universidade rejeitou todos os que davam sinais de progressismo político, pedagógico ou científico. E a forte marca de intervenção arquitectónica que o fascismo imprimiu à expansão da cidade universitária foi feita à custa da destruição da velha Alta, cuja memória importunava o Estado Novo. O que o «bota-abaixo» não conseguiu apagar foi o rastilho que uma nova canção trazida pelo vento viria a atear nos princípios dos anos 60 para se incendiar em 69, com o representante dos estudantes a pedir a palavra em local e ocasião onde o poder da palavra era apenas e só o do poder instalado. Por isso fala-se de Coimbra e é uma história de ousadia e luta pelas ideias e pela liberdade.
É esta mescla de patrimónios, a um tempo material e imaterial, que valoriza Coimbra e a sua Universidade.
Como escreveu Cláudio Torres, «não é por acaso que no imaginário dos jovens países emergentes das várias fases da colonização portuguesa a Universidade de Coimbra surja como referência fundacional da sua língua e alusão sempre presente nas suas próprias culturas».
Sr.as e Srs. Deputados: Há uma raiz cultural universalista que se gerou e saiu da Universidade de Coimbra para muitos cantos do mundo.
Portugal ficará prestigiado se conseguir integrar a Universidade de Coimbra no quadro de honra do Património da Humanidade. A cidade perceberá finalmente que a tão amaldiçoada sombra da Torre é, afinal, a sua jóia da coroa. A Universidade de Coimbra exorcizará o peso do seu passado com o rasgo deste compromisso que o seu futuro lhe reclamava.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr.ª Deputada Teresa Portugal, tem um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Diogo Feio, a quem dou a palavra para o efeito.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Teresa Portugal, o pedido de esclarecimento que lhe faço serve, desde logo, para salientar que está, evidentemente, dentro do princípio de liberdade de escolha que todos os grupos parlamentares têm nesta Câmara – e bem – dos temas que pretendem que venham a discussão neste Plenário.
O tema que escolheu é relevante, mas deixe-me que lhe diga, e utilizando as suas expressões, que hoje o «tocar os sinos» por Coimbra exigia que se falasse de matérias que estão claramente a preocupar todo o país político e não político, toda a nossa sociedade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos do PS.
Aliás, nesse mesmo sentido, não posso deixar de salientar que, tal como o CDS esteve durante toda a manhã de hoje a pedir, o Governo trará amanhã…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ah, foi o CDS-PP! O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — … a debate em Plenário o tema dos combustíveis. Portanto, nesse sentido desde já nos sentimos confortados.