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23 | I Série - Número: 099 | 27 de Junho de 2008


Perante a gravidade da situação social, que atinge mais de dois milhões de portugueses e ameaça muitos outros, é inacreditável e inaceitável que o Governo não utilize os instrumentos de que dispõe para travar a especulação do incontrolado aumento de preços.
Não esperamos deste Governo uma política de esquerda — sobre isso não temos ilusões!

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Isso já lá vai!

O Sr. João Semedo (BE): — Mas de um Governo do PS, apesar de tudo, esperaríamos e reclamamos uma política social de matriz humanista que promova a igualdade e a coesão social, uma política que não se resigne, Sr.as e Srs. Deputados, perante a miséria em que vivem muitos milhões de portugueses.
As propostas que o PCP hoje apresenta são um contributo nessa direcção, merecendo, por isso, a nossa concordância genérica.
Sobre isso não há qualquer surpresa. Surpresa seria se merecessem a concordância da bancada do Partido Socialista!

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de começar por fazer um breve comentário ao facto de o Deputado Afonso Candal não ter respondido a nenhuma das perguntas formuladas pelo CDS, mas como neste momento o Sr. Deputado não se encontra presente na Sala, não farei esse comentário.
Admito que o Sr. Deputado Afonso Candal tenha seguido o conselho do líder parlamentar do CDS, o Deputado Diogo Feio, e que, provavelmente, tenha ido lá fora ver se reconhecia o País que anunciou do alto da tribuna. É que, certamente, é o único português que concorda com aquele retrato que viu do alto da tribuna.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exactamente!

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, não há hoje nenhum português que não reconheça que há, de facto, uma crise em Portugal. Essa crise é, em primeiro lugar, uma crise económica, mas é também, hoje, cada vez mais, uma crise social.
Até mesmo aquele «iluminado» membro do Conselho de Ministros que, há poucos meses atrás, veio proclamar, por decreto, o fim da crise — até esse! — já percebeu que, afinal, se tinha enganado e que não havia ainda sinais do fim da crise!

O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Claro!

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O Ministro Manuel Pinho mantém-se no Governo mas, provavelmente, mantém-se como outros Ministros se mantêm: destituído de funções, destituído de sentido e destituído até do que é a essência da política, o que significa ter alguma capacidade de se olhar ao espelho e perceber a sua total incapacidade.

Aplausos do CDS-PP.

Essa é, aliás, uma nota muito evidente deste Governo, ou seja, a total incapacidade de prever o que vai acontecer no curto e no médio prazos. Todos nós nos lembramos de quais eram as previsões do Partido Socialista inscritas no Orçamento do Estado para 2008. Mas falharam na previsão da inflação; falharam na previsão das exportações; falharam na previsão do crescimento económico; falharam na previsão das taxas de juro; falharam na previsão do preço do barril do petróleo. E não falharam por falta de conselho ou de aviso, falharam porque escolheram, deliberadamente, inscrever opções e previsões erradas nesse mesmo Orçamento do Estado.