12 | I Série - Número: 104 | 10 de Julho de 2008
O Sr. Rui Vieira (PS): — … e que subjazem ao requerimento deste debate pelo CDS, têm mais que ver com as reformas em curso no Ministério e com as novas políticas para a agricultura do que com alguns incidentes recentes, aproveitados para disfarçar aquilo que verdadeiramente dói ao CDS.
Aquilo que verdadeiramente dói ao CDS é que o Ministro da Agricultura tenha arrancado e prosseguido com a reforma do Ministério, com vista a transformar uma estrutura pesada, ineficiente, em geral distante da agricultura e dos agricultores, concentrada em Lisboa e no meio urbano, numa estrutura orgânica mais leve, eficiente e amiga dos agricultores.
Aplausos do PS.
Esta reforma, como todas, mexeu com muitos hábitos, rotinas e interesses. Obviamente, o CDS não gostou.
O Sr. José Junqueiro (PS): — É verdade!
O Sr. Rui Vieira (PS): — Aquilo que verdadeiramente dói ao CDS é que as prioridades da política agrícola tenham sido redefinidas de acordo com as aptidões culturais mais adequadas aos nossos solo e clima, elegendo o vinho, o azeite, a hortofruticultura e a fileira florestal… O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — O mato!
O Sr. Rui Vieira (PS): — … como sectores estratégicos, porventura longe do conceito de lavoura nacional, tão do agrado do Deputado Paulo Portas,…
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Rui Vieira (PS): — … conceito cuja substância se forjou a partir da realidade concreta das grandes explorações do Alentejo e do Ribatejo, nos tempos do «saudoso» Dr. Oliveira Salazar, mas que não se adapta à moderna agricultura do século XXI.
Aplausos do PS.
O Dr. Paulo Portas, manifestamente, não apreciou a redefinição destas prioridades da política agrícola.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Agora, a culpa é do Dr. Salazar?!
O Sr. Rui Vieira (PS): — Aquilo que verdadeiramente dói ao CDS é que este Ministro fale claro, e, sobretudo, que aja em função do interesse geral, sem atender a direitos adquiridos que o País não pode nem deve sustentar.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Vieira (PS): — Quando um pequeno número de grandes empresários agrícolas recebe a maior fatia das ajudas comunitárias, compreende-se que o Ministro da Agricultura procure uma redistribuição mais equilibrada, defendendo a modulação redistributiva, mais justa para a maioria dos agricultores.
Coerentemente, o CDS é contra: «foge da modulação como o diabo da cruz».
O Sr. José Junqueiro (PS): — Claro!
O Sr. Rui Vieira (PS): — O CDS não admite, o Dr. Paulo Portas não tolera, que se introduza mais equidade na distribuição das ajudas comunitárias.