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57 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — O Primeiro-Ministro determinado e reformador deu lugar a um PrimeiroMinistro acossado e esgotado.

Vozes do CDS-PP: — Exactamente!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — O político que combatia as corporações é hoje o político que aceita negociar, em nome do Estado, sob a chantagem da rua — a pensar, naturalmente, na próxima sondagem.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — É verdade!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — V. Ex.ª vendeu um optimismo que era ilusório e agora ninguém o quer para curar um pessimismo que é verdadeiro.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Primeiro-Ministro está para a crise como aqueles actores do cinema mudo que perderam os seus papéis quando chegou o sonoro. O senhor já não é ouvido. O senhor já não é confiado. O senhor já não é temido.

Aplausos do CDS-PP.

Perante os dados irrefutáveis da crise, José Sócrates teve, em 21 de Maio, o mais espantoso de todos os lapsos, cito: «é uma injustiça para o Governo que isto tenha acontecido». Convirá, Sr. Primeiro-Ministro, que, de todos os portugueses a quem a crise tocou e prejudicou, o senhor é, certamente, o menos importante.

Aplausos do CDS-PP.

De igual modo, é inescapável que o senhor não viu a crise a tempo nem previu o que outros previram. A verdade é que o Sr. Primeiro-Ministro só sentiu a crise não quando os portugueses a sentiram na carne mas quando a sua popularidade pessoal se ressentiu dos efeitos dessa crise.

Aplausos do CDS-PP.

Daí a necessidade de demonstrar, neste debate, o itinerário irresponsável do discurso do Governo sobre a crise.
Sr. Presidente, a crise dos subprime começou há mais de um ano.
Condescendente, José Sócrates afirmava, em 9 de Julho de 2007, cito: «a economia está hoje melhor preparada para responder às incertezas do futuro». Viu-se!

Vozes do CDS-PP: — Viu-se! Viu-se!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Em Agosto do ano passado, já eram evidentes os sinais de perturbação muito séria nos mercados.
Perguntado, a 1 de Agosto de 2007, sobre a instabilidade das bolsas, respondeu o Ministro Teixeira dos Santos, cito: «não, não estou preocupado». Pois, Sr. Ministro, não era de preocupar…!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (Teixeira dos Santos): — Com as bolsas, não!