62 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Terminarei, Sr. Presidente.
O Ministro da Economia decretou o fim da crise e nem a sua nova pele de «visitador de supermercados» o recupera.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Pode V. Ex.ª garantir que o vai manter ao leme durante muito tempo? Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: Os exemplos podiam suceder-se.
O senhor já não preside a um Governo, o senhor preside a um ajuntamento de pessoas cuja função é desgastarem-se pelos erros e, às vezes, pelas asneiras e pouparem-no a si desse desgaste. Sucede que, a meu ver, o País já percebeu, cansou-se, está farto e vai tirar-lhe a maioria que V. Ex.ª, aliás, já não tem e, de resto, não merece.
Há vida para além de José Sócrates!
Aplausos do CDS-PP, de pé.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Neste último ano, ficou mais exposto o que há muito se escondia. O estado da Nação é grave e já nem o Governo tem coragem de o negar, embora sempre fugindo às suas próprias responsabilidades.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A degradação da situação económica e social do País é, hoje, indisfarçável.
A economia do País afunda-se cada dia que passa e a vida da larga maioria dos portugueses piora todos os dias, com cada vez mais pessoas a viverem uma situação dramática. Um país nunca pode estar bem se a maioria do seu povo vive mal.
Os objectivos solenemente anunciados pelo Governo ao País que garantiam, até ao fim do seu mandato, forte crescimento económico, mais desenvolvimento em convergência com a União Europeia, menos desemprego, emprego mais qualificado e melhores condições de vida para os portugueses, são já objectivos abandonados e irrealizáveis e que, hoje, apenas servem para atestar o fracasso de uma política e de um Governo que, no essencial, seguiu as mesmas grandes orientações e soluções que conduziram ao esgotamento e à falência dos governos anteriores, de direita.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ao contrário do que afirma o Primeiro-Ministro, o Governo não resolveu crise nenhuma! O País continua a atrasar-se e a distanciar-se dos níveis médios de desenvolvimento dos países da União Europeia.
Os principais problemas estão em contínuo agravamento.
O desemprego, que cresceu para níveis históricos, retoma um caminho ascendente com o encerramento de novas empresas e com o recuo do crescimento económico.
A precariedade do trabalho atinge já os cerca de 25%, um pesadelo para as novas gerações.
O défice da balança corrente e de capitais continua a agravar-se.
O endividamento externo líquido do nosso País está, agora, praticamente ao nível do valor do PIB nacional, somos, hoje, um dos países mais endividados.