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59 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Só para lembrar!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Em 2008, já o Governador do Banco de Portugal, tímido, e o Fundo Monetário Internacional, com mais desassombro, tinham feito alertas irrecusáveis.
Eis senão quando o Primeiro-Ministro foge em frente e faz mais duas proclamações. Uma: «a crise orçamental está ultrapassada». Só se esqueceu de dizer que foi à custa da receita.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

Protestos do PS.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Oiçam! Oiçam!

O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Oiçam porque há mais!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — E duas: «regressou a confiança dos empresários». Não há um único indicador que confirme esta ilusão de confiança.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr. Deputado, há um indicador de 2,6.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — O momento do maior corte com a realidade chegaria, porém, em Abril deste ano, há muito pouco tempo. José Sócrates vem a esta Casa, nada diz sobre a crise dos combustíveis, nada diz sobre a rarefacção do poder de compra, nada diz sobre o sufoco das empresas. Não só não o diz, como, a 24 de Abril, leva o «autismo» ao seu ponto extremo. Passo a citar: «vamos retomar este ano a convergência com a Europa.»

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Extraordinário!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Em 29 de Abril, e cito o Primeiro-Ministro: «não temos nenhum elemento que permita rever em baixa a nossa perspectiva de crescimento». É a ilusão em estado puro.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Entraria então em cena o elemento mais exótico deste percurso de completa imprevisão política. Refiro-me, naturalmente, ao discurso do Ministro da Economia. Ora ouçamos Manuel Pinho, em Abril deste ano: «a economia portuguesa está no bom caminho para uma retoma sólida».
Hilariante, se não fosse triste.

Aplausos do CDS-PP.

Ou ainda: «não tenho qualquer indicação de crise». Um espanto, se não fosse um perigo ter um Ministro assim.
Não tenho intenção de prolongar este avivar de memória. Apenas anoto que, em Maio, há dois meses, José Sócrates ainda falava em — vejam bem a expressão — «pequena desaceleração». O que faria se fosse grande?… Umas semanas depois começou a ladainha de que a culpa é do mundo, do planeta e do cosmos e de que a responsabilidade não é do Governo.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exactamente!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Ao reler tudo isto ocorrem-me duas conclusões. Primeiro: não há ninguém que possa sentir confiança num Governo que falha estrondosamente as suas capacidades e deveres