24 | I Série - Número: 111 | 10 de Setembro de 2008
O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD esteve, durante 40 dias e 40 noites, mergulhado num profundo silêncio e o País reconfirmou que este partido, sempre que as circunstâncias políticas o exigem e a democracia obriga, foge das suas responsabilidades «como o diabo da cruz».
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Encontrou agora uma teoria para justificar esta atitude, que se resume ao conceito unilateral de que o PSD, como oposição, não precisa de apresentar alternativas, apenas lhe compete, portanto, lançar suspeitas, calúnias, dizer mal. Ou seja, os eleitores devem votar neste partido por uma questão de fé, como se se tratasse de uma divindade onde o irracional seria o caminho em que as pessoas estariam dispensadas de pensar e de avaliar. É uma deriva, uma claustrofobia ideológica e mental, mergulhada na ausência e no silêncio, o mesmo que Ângelo Correia diz que (e cito-o) «só pode significar ignorância ou distanciamento do País». E talvez por isso Pedro Passos Coelho classifique essa atitude como (e cito-o) «arriscada, por fazer pensar que não há oposição no nosso partido» — o PSD, entenda-se.
E Luís Filipe Menezes ainda ontem dizia que «o PSD deveria oferecer horizontes e não deveria, em democracia, ter medo de apresentar as suas propostas e de submetê-las ao juízo dos portugueses». Pois, mas é assim… Manuela Ferreira Leite tem medo de apresentar propostas, receia o juízo dos portugueses, esconde-se no silêncio e, quando pressionada pelo seu próprio partido e pela opinião pública resolve fazer um intervalo e falar; qual Fénix renascida, pega na Revista de Imprensa e torrencialmente diz mal de tudo e de todos, uma espécie de «tigre de papel», de «furacão do Estado» que quer arrasar tudo à sua passagem.
Risos do PS.
Teremos, pois, de esperar mais algum tempo pelas suas propostas para saber quais os investimentos públicos que quer meter na gaveta e até mesmo para assumir de viva voz que quer a demissão do Ministro da Administração Interna, como a coragem e a clareza políticas lhe exigem. Não, sobre estas matérias nada disse! Teve medo de assumir e, por isso, o PSD entra triste e rotineiramente num novo ciclo anual. Três anos de oposição, três presidentes e três atitudes diferentes para o mesmo País. Grande instabilidade interna, clima de insegurança e de ziguezagues ideológicos, discursos sem esperança e sem ambição, eis ao que chegaram o PSD e as suas lideranças.
Finalmente, é por isso, e neste contexto de falta de credibilidade do maior partido da oposição, que o País sabe que só pode contar com o PS e com o Governo de José Sócrates para manter o rumo, a ambição e a capacidade de fazer melhor, ajudar a construir oportunidades de emprego, atingir desenvolvimento económico e tecnológico, realizar políticas sociais intensas e justas, criar um verdadeiro ambiente de segurança e estabilidade e combater com determinação as adversidades.
O PS deseja e espera a contribuição de todos — das pessoas, dos partidos, das oposições políticas — para o esforço conjunto indispensável à defesa do interesse nacional. Temos, assim, a legitimidade política e a autoridade democrática para exigir, sobretudo ao PSD, ideias, propostas, a honra de compromissos assumidos e, acima de tudo, o fim da «greve de braços caídos» da líder do PSD Manuela Ferreira Leite.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Eduardo Martins.
O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, estive verdadeiramente tentado a responder a esta sua intervenção com um sorriso condescendente e mudo durante 1 minuto, para que o senhor percebesse que o valor do silêncio perante a asneira não é sempre aquiescência, muitas vezes é o contrário.
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Muito bem!