O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

23 | I Série - Número: 010 | 9 de Outubro de 2008


responsabilidades, às responsabilidades do seu Governo.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A crise é um facto e precisa de ser encarada de frente, coisa que não tem acontecido.
Não basta chegar aqui e afirmar que vai garantir os depósitos bancários com o limite, insuficiente, de 50 000 €. Não basta anunciar medidas reguladoras sem dizer uma palavra sobre uma questão importantíssima, que eu gostaria de colocar em primeiro lugar: a existência de offshore.
Saberá que enquanto existir esta possibilidade de fuga ao fisco, de lavagem do dinheiro, enquanto se mantiver aberta esta válvula de escape, não há soluções de regulação ou de supervisão que resolvam o problema.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ouvindo o Sr. Primeiro-Ministro, no seu estilo concreto, falar de «acção», pergunto-lhe, tendo em conta a reunião que houve dos quatro mais poderosos países da União Europeia, que decidiram enquanto os outros 23 ficaram um pouco como «um burro a olhar para o Palácio do Eliseu»: como é que afirma essa vontade de acção quando, de facto, estão, no essencial, a aceitar as orientações desse directório?

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, não há uma intervenção eficaz sem se atacarem as verdadeiras causas da crise. A crise não se explica apenas pelo rebentamento da crise do crédito hipotecário do subprime. Aliás, estava a ouvir os seus argumentos para encontrar soluções e verifiquei que são iguaizinhas àquelas que foram proferidas em 2002, quando rebentou a última bolha em termos de situação financeira.

Vozes do PCP: — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Já não se lembra, mas recordo-lhe isto.
Creio, Sr. Primeiro-Ministro, que tem de ser assumido que a crise é o resultado da crescente «financeirização» da economia em detrimento da produção real, lá fora e cá dentro do País; é o resultado das práticas especulativas do grande capital financeiro, ao qual tudo é permitido, lá fora e cá dentro do País; é o resultado da contínua desvalorização dos salários e da sua substituição pelo incentivo ao endividamento.
Na sua boca, Sr. Primeiro-Ministro, no seu discurso, nunca há uma palavra sobre os rendimentos do trabalho, sobre os pequenos rendimentos, causa funda, hoje, do endividamento dos portugueses e de grande parte da população.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, pensamos que é por isso que esta crise exige, acima de tudo, uma mudança de política, aqui e a nível europeu.
Não aceitamos a perspectiva sombria do Sr. Ministro da Economia e da Inovação, usando a metáfora que antes do 25 de Abril foi usada, de que o «tempo das vacas gordas acabou». Creio que dizer que o fim da prosperidade acabou leva a esta pergunta: prosperidade para quem? Para os trabalhadores? Para os reformados? Para os pequenos e médios empresários? Foi essa a prosperidade que se verificou durante o seu mandato, durante estes mais de três anos de governação? Sr. Primeiro-Ministro, perante esta perspectiva de recessão económica, ficámos preocupados ao ouvi-lo aqui anunciar, assumindo uma posição mais papista que o Papa em relação ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, quando alguns daqueles que foram «pais» e «mães» desse Pacto admitem uma flexibilidade, a