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38 | I Série - Número: 011 | 10 de Outubro de 2008

quadro da educação, em Portugal.
Mais do que reformas pontuais destinadas a corrigir o status quo de um sistema que todos sabemos errado e podre, mas que, por princípio, é resistente à inovação e à mudança, todas essas medidas devem ser vistas de um modo sistémico, e muitas delas, ao resultarem da definição e interiorização de um novo paradigma — ou pelo menos de um outro paradigma —, levam-nos mesmo a falar de uma verdadeira revolução no interior do nosso sistema educativo, o que, de resto, já foi aqui sobejamente anunciado pelo Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.
Posto isto, poder-se-á perguntar: não se fez tudo? Pois não! Não se fez o melhor? Se calhar, não.
Não estará na altura de nos preocuparmos mais com os conteúdos dos programas escolares, definindo-se, em linhas gerais, aquilo que queremos que as nossas crianças e jovens aprendam na escola? Pois está, e lá haveremos de chegar» Mas quem quiser ser intelectualmente honesto terá de concordar que se fez muito e, sobretudo, que se fez muitas das coisas que todos sabiam há muito que tinham de ser feitas mas que, ou por conveniência política ou por falta de meios ou de capacidade de decisão, nunca tinham sido feitas.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Estão a fazer o que a direita não conseguiu fazer!

O Sr. Luiz Fagundes Duarte (PS): — E, sobretudo, percebeu-se uma coisa: para que as coisas melhorem, tem que se ousar, tem que se decidir, mesmo que não agrade a todos, mesmo que não estejam reunidas todas as condições, porque estas só assim podem aparecer, ao contrário dos milhares de alunos que todos os anos abandonam a escola — por ineficácia do sistema ou por desvirtuamento das obrigações do Estado nesta matéria — e que para sempre se perdem.
Existem, assim, em matéria de educação, todas as razões para se entrar com serenidade no último ano da actual Legislatura. As medidas que provocaram mais agitação social estão a produzir os efeitos para que foram tomadas, o ano lectivo está a decorrer com normalidade e, verdade seja dita, os sindicatos de professores, com o PCP a reboque, e o PSD a reboque do PCP, estão a esmerar-se no sentido de encontrarem «bandeiras de luta» que tragam os professores para a rua, esquecendo-se de que não é na rua mas no interior das escolas que se encontram as grandes bandeiras da educação.
O PSD anunciou aos ventos que este debate sobre educação seria feito em moldes inéditos — já o vimos». E nós, conscientes das nossas responsabilidades, que não alijamos, e das irresponsabilidades do PSD quando foi governo, que não esquecemos, preparámo-nos para o melhor: ninguém que alguma vez tenha tido responsabilidades governativas na área da educação — designadamente PS, PSD e CDS-PP — poderá vir para aqui de ânimo leve gritar que «o rei vai nu».
Partimos do princípio de que discutir educação e políticas educativas é um assunto sério. No entanto, aquilo que de inédito conseguimos detectar neste debate, além de um almoço conversante com dois antigos ministros da Educação, foi o famoso blog em que participaram um grupo considerável de incondicionais apoiantes da política educativa do PSD e mais alguns incondicionais opositores às políticas educativas do PS.

O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Anda a ler mal!

O Sr. Luiz Fagundes Duarte (PS): — Tive o prazer de visitar tal blog — o que, para já, anula a tal leitura dos números que foram aqui referidos, uma vez que nem todos os que foram visitá-lo concordavam com o que lá estava — e, à medida que fui lendo o que lá se escrevia, fui ficando com a sensação de que, sendo tantas as histórias imaginárias que ali se tentava impingir aos outros, mais do que um blog, o que ali tínhamos era uma blague (o que, em bom português, se diz uma farsa).
Daquele blog, que é blague, passaríamos facilmente àquela tão conhecida onomatopeia (de resto, tão usada aqui pelo CDS-PP noutros dias) do blá-blá-blá, muito própria daqueles que já perceberam que o seu papel no cenário da educação, em Portugal, depois de terem falhado todos os seus objectivos quando tiveram oportunidade de governo, é postarem-se, resguardados e autocontentes, no alto do seu muro, vendo as caravanas que passam. Pois que vejam! Nós, pela nossa parte, preferimos ser a caravana que passa.
Gostaríamos de salientar que, ao contrário do que foi dito (e precisávamos de ter aqui um número para encerrar), este Governo, nos últimos anos, investiu cerca de 900 milhões de euros em obras, em 600 centros