19 | I Série - Número: 013 | 16 de Outubro de 2008
mais confortável, que não imune, do que a de muitos outros países.
É, hoje, mais evidente do que nunca — e devemos destacar isso, nomeadamente os que acreditam nas vantagens da integração europeia — que o facto de termos feito um esforço no quadro da integração e da adesão à moeda única, um esforço permanente para a manutenção dos nossos compromissos no quadro dessa União Económica e Monetária, tem também vantagens. Senão olhemos para a situação por que passa a Islândia, um país supostamente, há uns tempos atrás, com uma solidez bem superior à nossa, mas sem a protecção de um agregado com a pujança económica que tem o espaço da União Económica e Monetária em que nos incluímos.
A verdade também é que no nosso sistema financeiro existe um elemento ponderador da actividade do sector financeiro que é a Caixa Geral de Depósitos.
A Caixa Geral de Depósitos, sendo um agente de mercado, competindo no mercado de igual para igual com os restantes agentes, tem uma filosofia diferente: não está sujeita à pressão permanente dos accionistas para ter permanentemente lucros, cada vez mais e mais rapidamente lucros. Por isso funciona no mercado como um agente estabilizador que permite que não haja, no nosso quadro financeiro, os «aventureirismos» que existem por outras paragens.
É igualmente verdade que o facto de termos em Portugal um sistema de protecção social totalmente público e que tem tido um reforço de sustentabilidade muito significativo nos últimos anos é uma garantia para os cidadãos e para as cidadãs de que não se passará em Portugal o que passa noutros países.
Mas é bom lembrar que isto acontece, porque algumas das propostas de alguns partidos da oposição nunca foram acolhidas por esta maioria e por este Governo.
Desde logo, as propostas mais á esquerda de que tudo ç possível, que qualquer dçfice ç o ideal,»
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Ora, ora»!
O Sr. Afonso Candal (PS): — » desde que superior a 3%, e que o processo de integração europeia não traz para Portugal qualquer tipo de vantagem.
Hoje constata-se, por comparação com outros países fora da zona euro, que isso não é verdade. O esforço que foi feito, e continua a ser feito, pelos portugueses e pelo País mais do que se justifica num cenário de turbulência muito acentuada como o que hoje vivemos.
É verdade ainda que, do lado direito deste Hemiciclo e da política portuguesa, há muitos que sempre acharam que a Caixa Geral de Depósitos deveria ter sido privatizada e que tudo deveria funcionar numa lógica de mercado; numa lógica sem regulação; numa lógica de não estabilização; numa lógica, porventura, tão «aventureirista» como a que outros têm vivido e, por isso, estão numa situação muito mais delicada.
O PSD tem muita gente no seu seio que defende claramente uma redução do papel do Estado, nomeadamente uma privatização integral da Caixa Geral de Depósitos, e, inclusivamente, de outras participações do Estado, em termos de economia, em sectores estratégicos.
É verdade também que tanto no PSD como no CDS muitas foram as vozes que defenderam uma privatização da segurança social e dos regimes de protecção social dos portugueses. Esta é a realidade! O caminho nunca foi esse! E é bom que os portugueses, nesta altura conturbada, parem e reflictam sobre qual seria, hoje, a nossa situação se tivessem vingado as ideias da esquerda — nomeadamente comparando-a com a situação de alguns nossos parceiros europeus não integrados na moeda única — ou se tivessem vingado as ideias da direita — nomeadamente com a privatização dos regimes de protecção social, com a privatização de Caixa Geral de Depósitos ou com a desregulação de todo o mercado e de todo o sector financeiro. Hoje, estaríamos numa situação muito pior! Felizmente, a nossa situação não tem — e repito — qualquer tipo de justificação para alarme. Mas é bom que os portugueses tenham consciência de que, se assim é, é fruto do seu trabalho, do seu esforço, e também da estratégia do Governo de reforço da intervenção pública nos sectores que são absolutamente estratégicos e que ainda mais se notam nos momentos difíceis! Esta é a verdade desta maioria! Mas esta não seria a verdade do País se a maioria fosse outra!
Aplausos do PS.