25 | I Série - Número: 013 | 16 de Outubro de 2008
conhecermos os impactos.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Então, e a Galp?
O Sr. Afonso Candal (PS): — Mas, acima de tudo, Sr. Deputado, há um aspecto fundamental, o de não confundir a gravidade da situação com o que pode ser uma falsamente ampliada percepção da gravidade da situação. Ou seja, se houver algumas situações de alarme público, elas, por si só, serão geradoras de um agravar da situação.
Portanto, uma das obrigações dos poderes públicos não é só controlar a crise, é também evitar que a crise se agrave, muitas vezes por questões de carácter mais psicológico e de expectativa que pode gerar-se em torno da situação real.
Sei que V. Ex.ª, porventura, terá mais sensibilidade para outras matérias do que para a questão da gestão das expectativas em termos económicos e financeiros, aspecto que é absolutamente fundamental.
Protestos do BE.
Muitas vezes, são tão ou mais fundamentais as expectativas do que a própria realidade! A verdade é que, quer pela acção do Governo no presente momento, quer pela acção das instâncias europeias, quer pela realidade concreta que descrevi da tribuna (e que ainda não foi negada, porque é real), a situação, em Portugal, não é a mesma de outros países que estão em posição de muito maior dificuldade.
Devemos estar atentos e em alerta, mas não há qualquer razão objectiva — nem sinais — para qualquer tipo de alarme. O Governo tem actuado com conta, peso e medida, autonomamente no espaço nacional e colectivamente no espaço comunitário.
Sobre as outras matérias, V. Ex.ª terá oportunidade de, amanhã, as discutir longamente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Velosa.
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Afonso Candal, quando o comecei a ouvir, pensei que estava a fazer uma declaração, com a maior seriedade, sobre a situação de crise que todos vivemos, mas depois verifiquei que não era esse o sentido da sua intervenção. Aliás, na resposta que deu ao Sr. Deputado Honório Novo, o Sr. Deputado Afonso Candal deixou cair a «máscara» e veio falar de toda aquela propaganda que é habitual o Governo fazer sobre medidas que tem tomado e sobre a inexistência de qualquer responsabilidade sua na situação de crise que vivemos.
Inscrevi-me para apelar ao Sr. Deputado que fizesse uma separação entre a crise internacional e a responsabilidade deste Governo na crise nacional, porque ela existe! O Partido Socialista e o Governo não podem eximir-se dessa responsabilidade.
Estou a falar com um Deputado que, durante muito tempo e muitos anos, desde que este Governo iniciou funções, várias vezes disse que, agora, tínhamos um crescimento económico virtuoso, baseado nas exportações.
O Sr. José Junqueiro (PS): — E é verdade!
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Só que elas vão bater no fundo! Ou que, agora, vamos crescer à custa do investimento. Mas que investimento? Os mega investimentos anunciados, uns não concretizados outros concretizados? O Sr. Deputado deveria ter falado, sim, dos «pecados» que este Governo tem em relação à situação de crise que vivemos em Portugal. Aliás, ainda há pouco, um meu colega falou de um dos «pecados mortais» do Governo: primeiro, adiou o «namoro» às PME, que são o núcleo fundamental das empresas em Portugal, e agora «namora-as» todos os dias! Todos os dias afirma ter medidas para as PME, mas andou três anos