26 | I Série - Número: 013 | 16 de Outubro de 2008
esquecido de que elas existiam, por isso é que chegaram ao ponto a que chegaram.
Sr. Deputado Afonso Candal, este é um bom momento para o Partido Socialista «separar as águas» — aliás, vamos entrar no debate orçamental e a sua intervenção também vai nesse sentido — e distinguir o que é a crise internacional, que todos aceitamos que existe, e o que é a crise provocada pelas más políticas do Governo. O PSD estará atento no debate dessa matéria.
Vou deixar apenas duas questões ao Sr. Deputado Afonso Candal.
Em primeiro lugar, a certa altura da sua intervenção, o Sr. Deputado referiu que, em Portugal, estava tudo bem em matéria de regulação dos mercados financeiros, mas eu pergunto: esteve bem no caso do BCP? Sabe muito bem que vários grupos parlamentares demonstraram que essa regulação não funcionou no caso do BCP. E, se funcionou, por que é que o Governo, agora, vem alterar as regras da regulação dos mercados financeiros? Em segundo lugar, já que falou impropriamente em privatização da segurança social defendida pelo PSD,»
O Sr. Afonso Candal (PS): — E não é?
O Sr. Hugo Velosa (PSD): —» pergunto: qual ç a situação do Fundo de Equilíbrio Financeiro da Segurança Social? Segundo o vosso sistema de segurança social, tanto quanto sabemos, está nas bolsas, investido em acções. O Governo nunca esclareceu o que se passa com esse Fundo de Equilíbrio Financeiro.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso Candal.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Hugo Velosa, ficámos hoje a saber que, afinal, ninguém é a favor da privatização da segurança social, dentro da lógica de que, segundo parece, todos são favoráveis a um sistema de protecção social público. É uma novidade!
Protestos do PSD.
É uma novidade dos tempos de hoje, sendo certo que a posição de vários partidos nesta Câmara, nomeadamente do PS — mas não só —, sempre foi essa. Porventura, tanto da parte do CDS-PP como do PSD, assistimos ao tal acto de arrependimento, o que não lhes fica mal, mas, de facto, causa alguma surpresa.
Já agora, Sr. Deputado Hugo Velosa, não sei se V. Ex.ª agora também já não defende — não é que tenha defendido pessoalmente, mas alguém na sua bancada defendeu e nunca foi desmentido — aquela ideia de que, já há uns anos atrás, devíamos ter vendido todas as reservas de ouro que tínhamos. Para fazer o quê? Para conseguir despedir 200 000 funcionários públicos.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Nada disso!
O Sr. Afonso Candal (PS): — V. Ex.ª nunca ouviu falar disto também?
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Nunca defendemos isso!
O Sr. Afonso Candal (PS): — Nunca ouviu falar disso ou, porventura, poderá dizer que, tendo ouvido, já há muito tempo que era contra. Porém, nunca nenhum responsável político do PSD o verbalizou, quando foram destacados militantes e dirigentes do PSD que apresentaram essas mesmas propostas do despedimento de 200 000 funcionários públicos e da venda das reservas de ouro do País. É bom que de lembre, hoje, de todas as propostas que foram apresentadas como se fossem varinhas de condão que resolveriam todos os problemas.