13 | I Série - Número: 027 | 18 de Dezembro de 2008
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Disse que é 0,7, mas não disse qual é, pelo que não respondeu.
Mais lhe digo: quanto à taxa de desemprego, não colocaria na quadrícula «não respondeu» mas, antes, «não sabe», porque é evidente que o Sr. Primeiro-Ministro não sabe.
Aplausos e risos do PSD.
E não me admira que não saiba, Sr. Primeiro-Ministro, porque aquilo que o Governo demonstra nesse plano é que não conhece a realidade das empresas. É um plano abstracto, atirado para o ar! Vemos isto, claramente, por exemplo, nas linhas de crédito. É que, nas linhas de crédito, temos um factor de grande incerteza: há uma linha de crédito de 750 milhões de euros, a Investe I, que, segundo se diz, já está esgotada; a Investe II, de 1000 milhões de euros, já foi gasta em 75%; a Investe III, de 1400 milhões de euros, ainda está por abrir; fala-se agora em 2000 milhões de euros, mas não se percebe se consomem ou não a Investe III, se é uma Investe IV ou se são mais 600 milhões de euros em cima da Investe III.
Seja como for, a verdade é que, apesar de todas estas linhas de crédito, tanto o Sr. Primeiro-Ministro como o Sr. Ministro das Finanças reconhecem que as linhas de crédito não estão a funcionar. O Governo anunciou tantas vezes, pela voz do Sr. Ministro da Economia, o grande sucesso destas linhas de crédito quanto se verifica, hoje, que nenhuma delas funciona. O que se verifica é que as empresas não têm acesso ao crédito, não conseguem chegar ao crédito!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Exactamente!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Diria que estas linhas não são linhas de crédito mas de descrédito. É isto que elas são! E são linhas de descrédito, porque o que os bancos estão a fazer, Sr. Primeiro-Ministro, é uma substituição de créditos. É só isto! Não entra dinheiro novo ou fresco! Isto era perfeitamente controlável pelo Governo, se o Governo fosse ao balancete e ao balanço das empresas e visse, antes e depois do crédito, qual era a situação em que a empresa se encontrava. Ora, o que verificamos é que o Governo é totalmente incapaz de fiscalizar as linhas de crédito e, portanto, neste sentido, desconhece a economia real.
Deixo, então, duas perguntas, Sr. Primeiro-Ministro, a primeira das quais é a seguinte: não será que muitas daquelas obras de que o Sr. Primeiro-Ministro tanto gosta, e que ainda agora invocou, estão a absorver para si todo o crédito bancário, não deixando espaço para que seja concedido o crédito às pequenas e médias empresas?!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Isso é que é!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Não será que essas obras públicas extraordinárias, de que tanto se vangloria e que, afinal, não pôs de parte, como se viu na conferência de imprensa de sábado, estão a secar o crédito para as pequenas e médias empresas?! A segunda pergunta que lhe faço, e peço-lhe que, agora, faça o favor de responder às duas e não faça como anteriormente,»
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Sim, sim!
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — » que não respondeu a nenhuma, ç a seguinte: como ç que o Governo pode dizer que as linhas de crédito são um sucesso, que até se esgotam em um mês, que abrangem, num caso, 1000 empresas e, no outro, ainda não se sabe bem mas até já há 600 milhões de pedidos — ainda hoje de manhã isto foi dito pelo Sr. Ministro das Finanças —, como é que se pode dizer isto e, depois, o Sr. Ministro das Finanças vir ameaçar o sistema bancário e financeiro com a «bomba atómica»?!
Aplausos do PSD.