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17 | I Série - Número: 027 | 18 de Dezembro de 2008

Quase que nos ofendiam quando defendíamos, há meses, a necessidade de aumentar o investimento público, de flexibilizar o défice, de criar medidas de excepção de apoio às micro e pequenas empresas (neste sentido, consideramos que a resposta é insuficiente), simultaneamente acompanhadas de um elemento que, para nós, é crucial. Refiro-me à valorização dos salários, das pensões e das reformas, tanto do ponto de vista social e da justiça como do ponto de vista do desenvolvimento do mercado interno.
Coloco-lhe a segunda pergunta: nem uma palavra? Nem um incentivo? Nem uma medida? Gostaríamos que respondesse às duas questões concretas que coloquei.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o que acho uma negação da realidade é a ideia e a acusação que o Partido Comunista faz de que a crise que estamos a viver é da responsabilidade do Governo.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não foi isso que se disse!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado insiste em tentar convencer os portugueses que a Alemanha está em recessão por causa do Governo português, que os Estados Unidos estão em recessão por causa do Governo português,» O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não foi isso que se disse! Seja sério!

O Sr. Primeiro-Ministro: — » e o mesmo acontece com o Japão, com a Itália, com a Rõssia» Ó Sr. Deputado, isso é que é negar a realidade! Os portugueses sabem bem qual é a origem desta crise. Esta crise teve origem nos Estados Unidos, no subprime, estendeu-se a todo o sistema financeiro internacional e tem uma consequência gravíssima na economia real de todas as sociedades.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Aqui estávamos «na maior»!

O Sr. Primeiro-Ministro: — É uma crise mundial e o Sr. Deputado insiste em negar essa realidade para mais facilmente acusar o Governo.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não disse nada disso, Sr. Primeiro-Ministro!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, insistir nessa tese já não é negar a realidade, é apenas ridículo.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas o Sr. Deputado pretende também negar a realidade, pois, conjuntamente com outros que andaram para aí a dizer que as desigualdades estavam a aumentar, não aceita os números.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Aceito!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Aceita-os? Então, vou ler-lhos, mais uma vez.
O rendimento dos 20% da população mais rica era 6,8 vezes o rendimento dos 20% da população mais pobre e passou para 6,5. É a maior descida dos últimos 5 anos! O mesmo se verifica na comparação dos 10% mais ricos com os 10% mais pobres: passou de 11,9 para 10,8. Além disso, o Coeficiente de Gini baixou! E baixou pela primeira vez há muitos anos! O Sr. Deputado é que teima, insiste, em negar a realidade!