20 | I Série - Número: 027 | 18 de Dezembro de 2008
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, veremos, em 2008, qual vai ser o resultado em relação a esta estatística das desigualdades existentes em Portugal. Veremos. Não se esqueça, Sr. PrimeiroMinistro! Tem uma tendência muito grande para se esquecer, mas faça este registo! Já agora, em relação ao anúncio do Primeiro-Ministro de que os portugueses vão recuperar poder de compra no próximo ano, tendo em conta a baixa da inflação, a baixa dos preços, pergunto: como é que isto acerta com a realidade, Sr. Primeiro-Ministro, quando fomos confrontados, mesmo agora, com o anúncio do aumento do pão na casa dos 4% ou 5% e da electricidade na casa dos 4,5% ou 5%?! Não se ria, Sr. Primeiro-Ministro! Por que é que está a rir de uma coisa tão séria?! Explique esta contradição! Aqui, os portugueses, as famílias, não podem fugir, porque o pão é uma base alimentar. E o consumo de electricidade, de energia, também é algo a que os portugueses não podem fugir.
Como é que «acerta a cara com a careta»? Como é que acerta esse sorriso com a realidade anunciada, designadamente, pela entidade reguladora?
Protestos do PS.
Srs. Deputados, é evidente que Salazar tinha um preço político para o pão — é verdade! —, mas também sabemos que hoje, nos tempos que correm, muitos portugueses vivem cada vez mais da necessidade de ter pão para comer, porque têm de cortar na carne, têm de cortar no peixe, têm de cortar nos medicamentos»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Enfim, têm de cortar em muita coisa. Mas não podem, inevitavelmente, ficar numa posição miserável e daí a importância do pão, não com um preço político mas com um preço justo, que é o que o Governo não entende neste momento.
Aplausos do PCP.
Por último, Sr. Primeiro-Ministro, em relação à questão dos avales da banca para as pequenas e médias empresas, o Governo, por parte do Sr. Ministro das Finanças, passou do apelo «ao coração» dos banqueiros para a ameaça, caso não cumpram os objectivos destes mesmos programas.
Sr. Primeiro-Ministro não apele, Sr. Ministro das Finanças não ameace, porque têm a possibilidade de concretizar esse apoio: usem a intervenção da Administração, atravçs da banca põblica»
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — » e do IAPMEI, e vão ver que, com certeza, a banca deixa de estar nessa impunidade de que beneficia actualmente.
Aplausos do PCP.
Muito obrigado pela sua tolerância, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, porventura não ouviu, mas eu referi, na resposta ao Sr. Deputado Alberto Martins, que o Estado vai aumentar o capital social da Caixa Geral de Depósitos em 1000 milhões de euros»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas é para intervir no mercado!