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32 | I Série - Número: 070 | 23 de Abril de 2009

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só diz isso agora porque já não podemos responder!

O Sr. Primeiro-Ministro: — A verdade é que a oposição, verificou-se, não tem uma contribuição para que esta medida possa, eventualmente, ser melhorada, alterada; a oposição não tem qualquer sugestão a dar e o País ficou a perceber exactamente com o que pode contar.
Pois eu quero dizer mais uma vez, como já disse muitas: o que se exige hoje das lideranças políticas é que apresentem respostas para os problemas do País,»

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É o que se exige ao Governo! São respostas adequadas ao País!

O Sr. Primeiro-Ministro: — » ç que apresentem respostas para os problemas dos portugueses, e não que se entreguem ao aproveitamento da crise, ao pessimismo militante, à exploração da crise, na ideia, simples mas muito ingénua, de que ganharão um voto se conseguirem explorar e explicar que, afinal de contas, o verdadeiro responsável por esta crise mundial é o Governo da República Portuguesa. Isto, se não fosse ridículo, era trágico, Sr. Deputado, mas é ridículo.
Em particular, a direita portuguesa tem um problema sério, e tem-no em dois domínios. Desde logo, tem um problema de programa político, pois a direita tinha um programa que agora não pode apresentar, fundamentalmente de privatização de serviços públicos. Ao longo dos anos, as sucessivas lideranças tiveram todas a mesma orientação e o mesmo propósito, a incluir num programa de governo: privatizar alguns serviços.
O Dr. Marques Mendes achava que se podia privatizar a segurança social, e isso ainda não foi posto de lado pelo PSD,» O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Olha, olha!»

O Sr. Primeiro-Ministro: — » mas a actual liderança pensa que se pode privatizar tudo menos a soberania.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Que grande lata!

O Sr. Primeiro-Ministro: — A verdade é que esta crise veio também pôr em crise esse pensamento que aposta no recuo do Estado como única resposta para os problemas da sociedade.

Aplausos do PS.

Mas o problema da direita não é apenas um problema de programa, que o tem, é também um problema de liderança. Afinal de contas, os portugueses perguntar-se-ão: «Com que programa é que a direita se vai apresentar a eleições? Com que programa, com que ideias, com que medidas?»

O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — Não se preocupe com isso!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Não é isso que interessa ao País!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não será certamente com a ideia do vice-presidente do PSD, porque, a propósito desta crise, o mais ridículo é que alguns acham que esta crise internacional só tem efeitos nas exportações, não tem efeitos nem no investimento nem no consumo.
Bom, eu não vou classificar, de nenhum ponto de vista, esta afirmação. Vou só dizer o seguinte: há alguns que acham que é bom prever a crise depois de ela acontecer. Depois de ela acontecer, todos a previram! Mas eu quero apenas recordar não um qualquer militante do PSD, mas o vice-presidente do PSD, com responsabilidades no domínio económico.
O Prof. António Borges dizia, em Março de 2008 (não foi em 2007): «A crise financeira não vai provocar recessão, vai provocar abrandamento».

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E o que é que os senhores diziam?

O Sr. Primeiro-Ministro: — O PSD já sabia que íamos ter uma recessão, mas era um segredo bem guardado ainda, em 2008. E depois, ainda em 2008, dizia António Borges que não havia razão alguma (reparem, Srs. Deputados!) para que o maior banco português pertença ao Estado, que ele devia ser imediatamente privatizado! A isto chama-se um preconceito ideológico absolutamente claro.