15 | I Série - Número: 079 | 14 de Maio de 2009
A verdade é que estamos numa situação difícil, internacionalmente difícil. O sector financeiro sofreu um abalo como não há memória para nenhum de nós. A verdade é que este Governo agiu, porventura antes de muitos outros que hoje servem de referência ao Sr. Deputado Francisco Louçã, na salvaguarda do sistema financeiro, porque não há economia que funcione em pleno sem um sistema financeiro sólido. E o nosso sistema financeiro sempre foi um sistema fiável, independentemente dos seus problemas, que devem ser combatidos e o sistema deve ser melhorado, mas o seu colapso não seria, rigorosamente, solução para nada nem para ninguém.
Quanto ao apoio às empresas é fundamental, porque são as empresas que criam emprego. Há muitas empresas em dificuldade mas que mantêm, escrupulosamente, os seus compromissos em dia com o Estado, seja em termos fiscais, seja em termos de segurança social.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Mas não conseguem pagar aos trabalhadores! Aí é que está!
O Sr. Afonso Candal (PS): — O apoio às famílias tem sido concretizado mas também o investimento público é uma aposta forte deste Governo, acompanhado, agora, por muitos outros Governos, até pelo governo norte-americano, que olham o investimento público como um instrumento fundamental para recuperar da crise.
Risos do PSD, do PCP, do CDS-PP e do BE.
VV. Ex.as riem-se mas a verdade é que este investimento público, nas novas escolas, nos novos centros de saúde, na aposta nas energias renováveis, para um aumento da nossa auto-suficiência em termos energéticos, na aposta no TGV, uma revolução do transporte ferroviário — somos importadores de automóveis e de petróleo e temos de apostar na ferrovia — , é necessário. Sempre que há uma aposta forte e determinada, e VV. Ex.as estão na oposição, são contra! A aposta no novo aeroporto é outra aposta forte. Não há quem se desloque a Portugal de carro, excepto os nossos emigrantes, que circulam horas e horas a fio. Quem nos visita vem, essencialmente, por ar e, por isso, é preciso que o País tenha condições para se centrar...
O mesmo se diga da aposta nas infra-estruturas portuárias, porque também nos centra no mundo a existência de boas infra-estruturas portuárias para mercadorias, quer para o escoamento das nossas exportações, quer para nos posicionarmos como uma porta de entrada para a Europa, para as importações europeias vindas de outros continentes.
Por isso, Srs. Deputados, aquilo que fica, desde já, muito claro neste debate é que, para além da crítica fácil, porventura até leviana e irresponsável, relativamente a soluções alternativas ou complementares aquilo que se vê é muito pouco.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. António Filipe (PCP): — Responder a quê?! Ninguém lhe perguntou nada!
Risos.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Afonso Candal, a actuação do Governo é marcada pela responsabilidade e os momentos que vivemos exigem, justamente, responsabilidade, nomeadamente na actuação do Governo na área da segurança, porque é preciso responsabilidade.
Claro está que quem assistiu ao debate que tive com o Deputado Francisco Louçã pôde perceber que nunca considerei nem disse que o Bloco de Esquerda era cúmplice da violência. O que disse foi uma coisa muito diversa! É que aqueles que, perante actos de delinquência pura, começam imediatamente a fazer o discurso da justificação social, esses, de certa forma e, porventura, sem terem conhecimento ou consciência disso, branqueiam aqueles actos de violência pura.