O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28 | I Série - Número: 089 | 5 de Junho de 2009

incomodados com a prescrição generalizada por substância activa se algum grupo político, esta Assembleia ou o próprio Governo quisessem ditar as regras da prescrição. E nenhum médico está hoje impossibilitado de escolher o medicamento que é mais adequado, mas adequado em função da composição e não da sua marca comercial.
O que o Partido Socialista está a pretender fazer, sim, é a promover e estimular uma «guerra» entre o cidadão que vai ao médico e o seu médico exactamente em torno da questão do genérico.
Do ponto de vista do Bloco de Esquerda, para que o benefício que o Governo atribuiu desta forma possa ter algum impacto, é preciso libertar o doente, é preciso libertar o cidadão de dois espartilhos: o espartilho da prescrição médica (ou seja, é preciso que a prescrição médica seja por substância activa) e o espartilho do interesse comercial dos proprietários das farmácias, como é natural.
Isto só é possível, Sr.as e Srs. Deputados, se mudarem as regras da prescrição em Portugal, passando a haver uma prescrição por substância, promovendo os genéricos e dando ao doente, ao cidadão a possibilidade e a oportunidade de optar e escolher qual é o medicamento que pretende comprar.
Caso o Partido Socialista não mude a posição que tem tido até agora, a medida que tomou «cheira» a engano! E hoje os pensionistas já se aperceberam disso.
Deixo, portanto, um apelo (porque ainda há tempo para isso) para que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista possa reflectir e, em nome da sensibilidade social, em nome da protecção dos direitos do utente, pondo fim a esta duplicidade e a esta hipocrisia política, possa dar a esta medida o impacto que ela podia ter.
Mas tal implica que mudem o regime de prescrição.
Só assim os pensionistas poderão ter este benefício.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedir esclarecimentos ao orador.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Carlos Andrade Miranda.

O Sr. Carlos Andrade Miranda (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Semedo, permita-me que o saúde, em primeiro lugar, pela oportunidade de trazer, mais uma vez, a questão da política do medicamento a esta Assembleia e, em segundo lugar, pela forma muito relevante com que levantou a questão da discriminação negativa em torno da medida da gratuitidade do preço dos medicamentos para os pensionistas, condicionando-a à questão do tipo de medicamento que lhes é prescrito ou que eles adquirem.
O facto de só ser gratuito no caso dos genéricos, subestimando os doentes em si e subestimando os medicamentos, não tem qualquer razão de ser, efectivamente.
A proposta do Bloco de Esquerda, já por várias vezes veiculada nesta Assembleia, no sentido da generalização da prescrição por denominação comum internacional tem o apoio — condicionado, é certo — do Grupo Parlamentar do PSD.
Estando nós aqui hoje, pela iniciativa do Bloco de Esquerda, a falar na questão da acessibilidade, gostaria de interpelá-lo sobre o momento particularmente difícil que atravessamos, na expectativa e na ameaça de que o acesso ao medicamento e o stock de medicamentos neste país venham a ser brutalmente rompidos com o projecto de lei de liberalização das taxas de comercialização dos medicamentos. Mais uma vez, actuando de uma forma coerente com os tratos de polé com que tratou a política do medicamento durante quatro anos, com decisões administrativas completamente arbitrárias e com acordos bilaterais que ferem profundamente o interesse público e a saúde pública, à boca das urnas, o Governo do Partido Socialista prepara-se para subverter, por completo, o regime que ele próprio fixou há menos de dois anos e que, ainda no ano passado, alterou com vista a modificar toda a economia e todo o equilíbrio em que vivem os players deste sector.
Sr. Deputado João Semedo, pedia-lhe a sua benevolência na resposta e, ainda, que não deixasse de focar esta matéria que tanto nos preocupa, ao ponto de o Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata, pela primeira vez, ter usado o requerimento potestativo para que a Sr.ª Ministra da Saúde venha à Comissão de Saúde a fim de esclarecer, efectivamente, o que se passa nos bastidores da fixação do regime de preços de medicamentos neste país.

Aplausos do PSD.