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II SÉRIE-B — NÚMERO 162

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admiradas sobre como consigo responder desta forma – que estou convencido que custariam os dois o

mesmo. No mínimo, ficaria igual.

Poderei explicar, depois, porquê, com mais detalhe, se quiser. Mas, deixe-me ver se, em dois minutos,

consigo sistematizar uma eventual resposta.

Normalmente trabalho com árvores de decisão e, portanto, no sentido de apurar o que acontece se for uma

ou outra hipótese.

Imagine que o plano Miguel Cadilhe ia para a frente e não havia nacionalização e que tudo corria bem. Os

contribuintes não teriam, em princípio, qualquer custo - isto se tudo corresse bem. Mas, o que é que

significaria «correr bem»? Significaria que o banco teria sido capaz de gerar riqueza com esse plano que

permitisse pagar o tal dividendo, o que fosse, ao Estado e remunerar convenientemente os accionistas. Era

isso que significava. Penso que, até aqui, estamos de acordo. Isto pelo preço do plano.

Mas, mesmo assim, o Governo decidiu nacionalizar o banco. E vamos partir aqui de um pressuposto, que

penso que é válido, tirando a minha pessoa, isto é, que a administração actual não é menos competente que a

outra, e, tirando-me a mim, acho que é um pressuposto razoável de assumir. Estamos aqui ao nível de

abstracção, Sr. Deputado, e é o que posso dizer.

Portanto, ao nacionalizar o banco, isso significa que esta administração conseguirá tirar, no mínimo, a

mesma criação de riqueza pelo banco que a anterior conseguiria. Qual é o custo que daqui vem para o

contribuinte? Nenhum. Mas o problema é que temos 1,8 mil milhões de euros de imparidade.

Respondendo, já agora, à questão, que colocou a seguir, sobre se isto vai ficar… Repare, o primeiro

número que nós anunciamos, de metade deste, foi de 700 milhões de euros de imparidades, que tínhamos

detectado na auditoria anterior da Deloitte, que tinha um âmbito mais restrito, e passamos, agora, para 1800

milhões, que é o último número que tenho disponível, admitindo que possa ter alguns acertos, para cima ou

para baixo, mas já não estamos na casa das centenas de milhões de euros. Penso que este número de 1800

milhões de euros, que estamos a avançar, é um número relativamente seguro.

E, Sr. Deputado, o meu raciocínio é este: o problema é que o banco não consegue criar valor que permita

absorver estes 1800 milhões de euros de imparidades, o que significa que alguém terá de pagar. Mas, repare,

isto aconteceria mesmo no caso do plano anterior. E, se o plano anterior falhasse, o que é que aconteceria ao

banco se houvesse intervenção do Estado? Estávamos como estamos hoje, não é verdade? mas,

provavelmente, com um problema acrescido que advém do risco sistémico que estas situações acabam por

traduzir e, mais uma vez, teríamos o problema das imparidades.

É por isso que digo que não vejo que a solução da nacionalização seja, para o contribuinte, mais cara do

que a outra.

É evidente que, para uma economia de mercado, é melhor sempre que seja a economia de mercado a

resolver estas situações. Mas deixar um banco, como o BPN, ir à falência – e há quem defenda a situação de

que o BPN devia ter sido deixado cair! –, para além do risco sistémico que, quanto a mim, era o mais grave de

todos, estamos a falar em 2000 e tal colaboradores, estamos a falar nos depositantes, que também estão aqui

envolvidos, e em todas as outras instituições financeiras que eram contraparte de negócios BPN.

É esta a minha resposta. Não sei, Sr. Deputado, se…

O Dr. Teixeira dos Santos expôs a sua opinião sobre a questão do perímetro da nacionalização que importa referir: Todos nós sabemos muito bem qual era o tipo de relações existentes entre as empresas do Grupo SLN e o banco. E tínhamos aqui uma constelação de interesses em torno do banco, centrada no banco

de que essas empresas dependiam.

Devo dizer-lhe que é minha convicção, Sr. Deputado, que a nacionalização do Grupo servia os interesses

desse Grupo e dessas empresas, não servia era os interesses do Estado nem os interesses mais imediatos

que tinham em vista a estabilidade do sistema financeiro e a defesa dos depositantes. Essa, sim, era uma

medida que conviria, que seria boa para quem faz parte do Grupo SLN, que sentir-se-ia assim mais protegido

e ver-se-ia assim também livre de problemas que tem e que passariam a ser problemas do Estado.

Por isso mesmo é que eu há pouco dizia, Sr. Deputado, que, para mim, nacionalizar o Grupo era, de facto,

termos hoje em dia um problema bem maior do que aquele que actualmente temos já com a nacionalização do

BPN. Essa é a minha convicção e foi na base dessa convicção que eu intervim e que propus ao Governo o

caminho que acabou por ser seguido, conforme sabemos.