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18 | I Série - Número: 031 | 16 de Dezembro de 2010

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Essas propostas tiveram os votos contra do PS e a abstenção do PSD e do CDS-PP! Não se tomou uma medida no que diz respeito à eliminação dessas barreiras! O meu grupo parlamentar fez dezenas e centenas de perguntas sobre barreiras arquitectónicas em diferentes serviços públicos, centros de saúde, escolas, etc., e as respostas do Governo foram nulas.
Portanto, Sr.ª Deputada, no plano das estratégias, estamos conversados. Tivemos a Estratégia para a Inclusão no ano passado, temos sempre planos no papel, mas, no concreto, a conversa é substancialmente diferente. Pergunto-lhe, por isso, o que é o Governo pretende fazer, de facto, relativamente às pessoas com deficiência.
Uma coisa é certa — e termino, Sr. Presidente: as pessoas com deficiência não querem mais papel, não querem mais conversa, querem medidas concretas, e são essas que faltam no nosso país.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria José Gambôa.

A Sr.ª Maria José Gambôa (PS): — Sr. Presidente, irei procurar dar uma resposta que, particularizando as preocupações de cada um dos Srs. Deputados, afirme duas questões importantes desta Estratégia Nacional.
Provavelmente, é a primeira vez que temos uma Estratégia para esta área feita com os parceiros, com quem representa as pessoas e as crianças com deficiências e com incapacidades. Na verdade, é esta parceria que, um dia, talvez nos ajude a vencer esta batalha dramática que é a de pôr o valor humano e não o dinheiro no âmbito das pessoas.

Aplausos do PS.

As pessoas com deficiência são, eventualmente, aquelas que, em Portugal, mais precisam de acrescentar valor às suas vidas. O dinheiro, as comparticipações, são, inevitavelmente, muito importantes» Acho que o Sr. Deputado Raúl de Almeida tem toda a razão nas preocupações que apresenta, mas, naturalmente, compreenderá a razão desta preocupação com o valor humano que estas pessoas nos merecem.
Em relação às questões que a Sr.ª Deputada Conceição Pereira colocou, também de enorme importância, relevaria a da inclusão, como sendo uma das questões mais centrais e mais importantes para que a sociedade portuguesa consiga tomar consciência de que, muitas vezes, discrimina não tendo consciência disso.
Hoje, a inclusão das nossas crianças e dos nossos adultos numa sociedade viva, em confronto com todos nós e, por vezes, perturbando-nos com a sua capacidade de resistência às agruras e com o fim de determinados projectos de vida, onde o sonho ficou pelo caminho, ajuda-nos a todos nós — eventualmente até mais do que a eles — a perceber que a vida humana tem dimensões profundíssimas e que, do ponto de vista político, estaremos sempre muito aquém do valor dessa vida humana.
Procuraremos aproximarmo-nos do reforço dessa vida, da melhoria das suas competências e da sua integração social, mas, na verdade, teremos muito caminho para fazer em Portugal e no mundo relativamente a todas as pessoas com deficiência e com incapacidades.
Também compreendo a posição, o pensamento e as preocupações do Deputado Jorge Machado, mas recordo que o Governo, nos últimos cinco anos, tem tentado procurar dar esta visão da inclusão com respostas concretas em relação a estes grupos.
Quando reforçamos o programa de equipamentos sociais, também na área da deficiência, quando temos uma enorme preocupação no âmbito do apoio domiciliário e quando queremos a nossas crianças na escola, não estamos a falar de dinheiro vivo, Sr. Deputado, estamos a falar do caminho social que as pessoas precisam de fazer. Esta é uma dimensão muito preocupante que hoje ainda temos em Portugal em relação à deficiência.
Mas o que é curioso é que foram os parceiros sociais, que não são os sindicatos nem os patrões mas, sim, todas as associações que representam as pessoas com deficiência em Portugal, que sustentaram a criação desta Estratégia Nacional, que elegeram o Instituto Nacional de Reabilitação como o seu representante na