33 | I Série - Número: 045 | 29 de Janeiro de 2011
Penso que esse não é um comportamento político correcto, mas, sim, uma politiquice.
Os portugueses, que estão a olhar para o que aconteceu, percebem bem que não devia ter acontecido, mas aconteceu porque criámos o Cartão do Cidadão e porque houve pessoas que mudaram de residência que devíamos ter informado melhor. Principalmente, deveríamos ter garantido que o site onde constava o esclarecimento aos novos detentores do Cartão do Cidadão pudesse ter mais acessos, em particular no período a seguir ao almoço. Isso é verdade e, portanto, devemos melhorar.
Os cidadãos portugueses estão à espera de saber o que é que se vai fazer para melhorar e não que, imediatamente, se entre numa luta política em que a única coisa que se quer saber é: «Como é que vou fazer para atirar a culpa para cima do Ministro?» Já expliquei aos Srs. Deputados que não há nenhuma decisão de membros do Governo ou do Governo no sentido de limitar qualquer operação de esclarecimento. Por isso, Sr.ª Deputada, o que devemos fazer é comportarmo-nos como políticos responsáveis: vamos melhoras as coisas e vamos corrigir aquilo que eventualmente correu mal.
Digo mais uma vez: só erra quem age. Quem não age, esse já errou, e já errou duplamente. Durante muitos anos não se mexeu em nada, não se criou o Cartão do Cidadão. Tínhamos cinco cartões e agora temos um único.
Claro que estas coisas acontecem a quem age. Houve um erro, que deve ser corrigido. É nisso que estamos empenhados e é isso que os cidadãos esperam de nós.
Não passemos a vida a atirar culpas e responsabilidades para cima dos outros, mas a corrigirmos aquilo que correu mal de forma a que nunca mais ocorra.
Essa é a atitude de um Governo decente e de um Governo preocupado com o interesse nacional!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a demissão do Ministro da Administração Interna não chegava para a dimensão do problema, como já todos percebemos!
Protestos do PS.
Portanto, já que falamos em demissões, podia estendê-la também a outros ministros, e até a si próprio, Sr.
Primeiro-Ministro!
Risos do PS.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Claro, claro!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Exactamente! Aliás, julgo que a generalidade dos portugueses estaria desejosa de ver essa medida tomada. Mas não vamos entrar por aí.
Pausa.
O Sr. Primeiro-Ministro ficou sem tempo para responder. É uma chatice, não ç verdade»? É uma chatice, mas é o hábito.
Mas lá pelo facto de o Sr. Primeiro-Ministro não querer responder às questões, não deixamos de colocálas, como, de resto, todas as bancadas fizeram.
Sr. Primeiro-Ministro, o Sr. Ministro da Presidência fez algo de absolutamente errado, que foi tirar as conclusões que convinham ao Governo antes de concluído o inquérito. Mas temos esperança que o Sr.
Primeiro-Ministro, que não lhe «puxou as orelhas» em directo, já lhas deve ter «puxado» (ou vai «puxar») algures, noutro sítio mais escondido.