13 DE JANEIRO DE 2011
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muita!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … mas deixe-me dar-lhe alguns exemplos. Sei que conhece, como
também conheço, muitas produções. Tive oportunidade de visitar recentemente uma, completamente
computadorizada, em que os animais ouvem música clássica e são massajados por computador e que esgota
toda a sua produção leiteira. Tem, no entanto, um problema que habitualmente, não querendo olhar com
seriedade para as questões, desvirtuamos: as regras de higiene e segurança alimentar impostas são muito
difíceis de cumprir e, em determinados momentos — nós dissemo-lo —, se não forem utilizadas com bom
senso, retiram competitividade aos nossos produtos.
O problema está em que, produzindo com melhor segurança e higiene alimentar e com maior qualidade,
não conseguimos retirar daí melhor proveito económico. Mais uma vez, o problema não está na ausência de
política ou na carga fiscal, está, como referi, na falta de capacidade de promovermos e consumirmos produtos
nacionais.
Há, seguramente, uma questão de dumping, mas, como deve calcular, acredito nas regras de mercado e
não me passa pela cabeça fixar preços no leite. Portanto, o mercado terá de jogar as suas regras.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos do PCP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — A terminar, quero referir a questão do turismo, que considero relevante.
Portugal é, talvez, o país com maior número de horas de sol da Europa e com melhor temperatura média do
que a maioria dos países europeus. Na realidade, se inverter a lógica de sol e mar, pode retirar destes dois
fatores algum potencial, por exemplo, no turismo de terceira idade, transformando Portugal numa espécie de
Flórida da Europa, como diz e bem o Sr. Ministro da Economia.
Todos temos um papel, designadamente os operadores do sector, mas também é importante uma política
de incentivo e de promoção de Portugal, como referi na minha intervenção.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Ainda para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Filipe
Matias.
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Hélder Amaral, cumprimento-o pelo
tema que traz a debate, sobretudo porque nos últimos tempos temos vivido e convivido com a economia real e
até há bem pouco tempo fomos testemunhas de descrédito e de maus resultados. Nesse sentido, éramos
confrontados com palavras como «crise», «desemprego», «insustentabilidade económica e civilizacional».
Felizmente, e ainda bem que este tema vem a debate, percebemos hoje que estamos a mudar
mentalidades nesta área e que temos de ter outro discurso, outra ação, outra reflexão e outra capacidade de
intervenção.
Ainda bem que agora falamos mais de esperança, de apostar no que é português e que estamos mais
apostados em galvanizar a capacidade de agir, de inovar e de intervir de todos os portugueses.
Ainda bem que agora do novo léxico constam palavras como aposta na confiança e numa nova esperança
ao serviço de Portugal, em conjunto e ao lado de todos os portugueses.
Nesse sentido, Sr. Deputado, gostava de lhe perguntar de que forma é que vamos articular e vocacionar os
princípios de governação económica para uma intervenção de Portugal no mundo, ao serviço e capaz de atrair
investimento direto estrangeiro, de promover os produtos nacionais e de demonstrar que a economia
portuguesa revitalizada e com um Estado menor, mas melhor, pode servir Portugal. Com isso, vamos juntar os
portugueses naquilo que é um desígnio de desenvolvimento sustentado e sustentável ao serviço de Portugal e
do nosso futuro.
Aplausos do PSD.