I SÉRIENÚMERO 81
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, muito obrigado por ter
antecipado uma parte da minha resposta durante a sua intervenção.
Não concordo com a sua avaliação. O caminho que estamos a seguir, o caminho que estamos a trilhar, é o
caminho correto!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Nota-se! Nota-se!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O caminho que estamos a trilhar é o caminho de reganhar independência
fiscal e orçamental para Portugal.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se, porventura, estamos a viver um tempo em que as políticas de austeridade
têm consequências sociais pesadas e severas não se deve ao facto, ao contrário do que o Sr. Deputado
sugeriu, de eu ter qualquer preferência por austeridade, deve-se, sim, ao facto de Portugal ter acumulado
desequilíbrios demasiado pesados, défices demasiado graves e dívida demasiado pesada que onera o futuro
dos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Portanto, Sr. Deputado, as políticas de austeridade não são a causa do desemprego hoje em Portugal…
Vozes do PS: — Não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — As políticas de austeridades são a consequência da irresponsabilidade política
durante muitos anos em Portugal!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E o Sr. Deputado, que há tão pouco tempo lidera o seu partido, não foi com certeza um estranho durante
todo este processo de irresponsabilidade em que o País andou mergulhado.
Protestos do PS.
A sua falta de memória para a causalidade entre o que se passou e a situação que hoje estamos a viver
deveria preocupar o próprio Partido Socialista, mas essa é uma matéria que, evidentemente, só lhe diz
respeito.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em segundo lugar, diz o Sr. Deputado: «não conheço nenhum país que possa
fazer consolidação das contas públicas em recessão». Sr. Deputado, conheço vários, mas quero dizer-lhe que
Portugal fez consolidação orçamental em 2011, em clima recessivo. E fizemo-lo, de resto, com mais sucesso
do que aquilo que estava previsto, porque nem a recessão foi tão elevada, nem as nossas contas externas
tiveram uma correção tão débil como se esperava.
Portanto, Sr. Deputado, espero que isso o possa motivar: em 2011, face a 2010, melhorámos o saldo
estrutural português…
Protestos do Deputado do PS João Galamba.