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8 DE MARÇO DE 2012

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Os portugueses, este ano, e durante o período de vigência do programa de assistência, terão recursos

limitados. Isso é conhecido, Sr.ª Deputada!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — A Lusoponte é que não!

O Sr. Primeiro-Ministro: — A Lusoponte também, Sr. Deputado.

Todos terão recursos limitados, mas não deixaremos os portugueses pensarem, vez alguma, que esses

sacrifícios terão sido feitos em vão. Sacrifícios, Sr.ª Deputada, com férias que não serão gozadas nos mesmos

termos em que puderam ser gozadas no passado, com um Natal com menos recursos do que os do passado.

Eu, a Sr.ª Deputada e todos os portugueses teremos de fazer o melhor uso dos nossos recursos, porque

temos menos recursos para poder utilizar.

Sr.ª Deputada, todos os dias que soubermos que estamos a atingir os objetivos a que nos propusemos,

vencendo estas dificuldades, estamos a dizer aos portugueses que esses sacrifícios têm um significado

operativo: venceremos as dificuldades e poderemos, portanto, encarar o futuro com muito mais esperança e

confiança do que nos últimos anos.

Portanto, Sr.ª Deputada, não conte comigo para estar a fazer exercícios retóricos nem a propósito do Natal,

nem das férias, nem dos portugueses, porque, para mim, essas matérias não são retóricas; são realidades

que conheço, que sei o que significam, tal como os portugueses; e os portugueses sabem ao que podem

conduzir: conduzirão à supressão as nossas dificuldades, Sr.ª Deputada!!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, começo a crer que estamos

aqui a falar de realidades completamente diferentes. Eu não estava a falar das férias do Sr. Primeiro-Ministro,

entende?!…

Eu estava a falar das férias — e posso falar de muitas outras coisas…, do Natal ou até das refeições! —

daquelas pessoas que já não têm recursos!! É que há pessoas assim no seu País, Sr. Primeiro-Ministro! Mas

dessas o Sr. Primeiro-Ministro não fala!… Há pessoas cujos recursos não chegam para proceder aos

pagamentos que têm de fazer todos os meses!

Ó Sr. Primeiro-Ministro, eu gostava que me dissesse se considera um exercício de demagogia ou um

exercício de retórica o facto de eu vir aqui dizer, no Plenário da Assembleia da República, que há cada vez

mais crianças a chegar às escolas portuguesas com fome! Diga-me, Sr. Primeiro-Ministro: isto é um exercício

de retórica?! É alguma realidade demagógica?! Ou é o Primeiro-Ministro de Portugal que não conhece a

verdadeira realidade do País? Há crianças com fome nas escolas, Sr. Primeiro-Ministro! Qual é a resposta que

o Primeiro-Ministro de Portugal dá hoje (e não quando a vier a saber) à questão da Lusoponte?

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, tem de terminar.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr.ª Presidente.

Sr. Primeiro-Ministro, há bocado estava a ouvi-o e, não sei a que propósito, lembrei-me do Sr. Ministro de

Estado e das Finanças, que agora inaugurou uma prática em Portugal, que é a de citarmos as nossas avós.

Isto tem lógica, Sr. Primeiro-Ministro…, sabe porquê? Porque estamos a retroceder nos nossos direitos em

gerações, em muitas gerações!

A Sr.ª Presidente: — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr.ª Presidente, mas vou terminar fazendo aqui uma

citação da minha avó, Sr. Primeiro-Ministro. Julgo que a minha avó, a propósito das suas políticas austeras e

de sacrifício brutal, dir-lhe-ia qualquer coisa do género: «Tem avondo, Sr. Primeiro-Ministro! Tem avondo!»…

É uma expressão muito alentejana, muito usada no tempo dela, e que significa só isto: já chega!