I SÉRIENÚMERO 81
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de cerca de -0,8%. Tal significa, Sr. Deputado, que a deterioração da previsão para Portugal esteve apenas
em linha com aquela que é a deterioração externa e não com uma avaliação mais negativa sobre o quadro
doméstico português, o que quer dizer que nós estamos no bom caminho.
Sabemos que é um caminho difícil — não temos ilusões sobre isso —, sabemos que é um caminho de
sacrifícios e de problemas sociais que não estamos a ignorar. Mas, Sr. Deputado, é um caminho de correção e
de ajustamento que era inevitável. E os portugueses sabem que vão fazer esse caminho graças a um Governo
determinado, que não hesita em atingir os objetivos que são relevantes para os portugueses e não para o
Governo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o
Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me um retroativo e,
também, uma conclusão.
Em relação à questão do pagamento à Lusoponte da receita de portagens que não devia ter recebido,
queria dizer que a Estradas de Portugal reteve esse montante tendo em conta o que resultou do pagamento
das portagens em Agosto. Ou seja, andou bem a Estradas de Portugal. Mas, vai daí, um secretário de Estado
atrevido, sem dar contas ao ministro da tutela, sem dar contas ao Governo, incluindo o Sr. Primeiro-Ministro,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exato!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … desatou a fazer um despacho para que a Estradas de Portugal
pagasse essa fatia retida! O Sr. Primeiro-Ministro quer, pois, convencer quem? Ficam-lhe mal as asas de
inocente, fica-lhe mal essa desresponsabilização!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Desconhecia? Não tinha informação?
A conclusão que tiro desta situação, Sr. Primeiro-Ministro, é a seguinte: quando se tratou de ir buscar 10 €,
20 € ou 100 € aos pobres, aos desempregados, aos reformados, tendo em conta pagamentos indevidos da
segurança social, foi dada, rapidamente e em força, a ordem de execução, mas no caso da Lusoponte é
devagar, devagarinho, porque o Sr. Primeiro-Ministro precisa de informação!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa pode querer voltar à
questão da Lusoponte, pelo que já solicitei ao Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e
Comunicações que fizesse uma nota pública justamente a explicitar o processo que teve lugar.
Não há um duplo pagamento à Lusoponte, Sr. Deputado — este é o primeiro aspeto que aqui quero
garantir.
Em segundo lugar, o acordo de compensação que existe com a Lusoponte está a ser alterado, de forma a
corrigir esse hábito que decorria da circunstância de, todos os anos, o Estado português isentar o pagamento
de portagens na ponte 25 de Abril em Agosto. Esse acordo que existia de compensação financeira está a ser
alterado de modo a que o Estado possa ser ressarcido das somas que forem devidas.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Devagarinho!