21 DE JUNHO DE 2012
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Mas não é sério que, no atual quadro de políticas económicas, dizer que o problema, os obstáculos são o
licenciamento industrial, segundo o Deputado Luís Campos Ferreira, a «reforma das reformas» ou, segundo o
Deputado Altino Bessa, a «revolução do sistema da indústria».
Onde está a estratégia do Governo para reindustrializar o País? Onde está a recuperação da indústria que
sucessivos Governos do PS, PSD e CDS destruíram, de Mário Soares a Cavaco Silva, de Santana e Durão
Barroso a Sócrates?!
Não, não é assim que lá vamos, Srs. Deputados. Outra política é necessária de facto para reindustrializar o
País e a reindustrialização do País é bem necessária!
Aplausos do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pedro Saraiva.
O Sr. Pedro Saraiva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estamos a terminar o primeiro ano de um
novo ciclo político em Portugal. Um ano especialmente duro, com sacrifícios partilhados, mas igualmente um
ano de aposta em reformas estruturais direcionadas para o crescimento económico e também um ano em que
o reajustamento da nossa economia está a acontecer mais depressa do que se estimava, assente num inédito
reequilíbrio da balança comercial.
São dados positivos, mostrando o mérito das empresas, dos empresários e dos trabalhadores, no modo
como têm sido capazes de enfrentar as adversidades, mas igualmente demonstrativos das iniciativas que o
Governo está a concretizar, como hoje de manhã bem se viu na Comissão de Economia e Obras Públicas.
Tratou-se de algo também reconhecido na quarta avaliação intercalar efetuada pela troica, ao referir, na
sua apreciação, que o crescimento poderá ser superior às expetativas e que se registam progressos em
matéria de reformas destinadas a aumentar o crescimento a longo prazo.
De entre múltiplas iniciativas de apoio à economia lançadas pelo Governo ao longo deste ano, importa,
hoje, sublinhar aquilo que está a fazer-se em termos de licenciamento industrial.
Todos conhecemos bem o labiríntico, demorado e complexo calvário associado aos processos de
licenciamento industrial e como isso se transformou num dos principais fatores inibidores do investimento —
cheio de redundâncias, inconsistências, imprevisibilidades e desarticulações múltiplas.
Pois é justamente a este estado de coisas que o Governo coloca agora um fim à vista, procedendo a uma
verdadeira revolução nesta matéria. Mudando, desde logo, de paradigma, ao responsabilizar um investidor,
nele confiando, ainda que com forte fiscalização e correspondente penalização em caso de incumprimento;
colocando todas as etapas e intervenientes, de forma transparente, ao serviço do projeto de investimento,
através de canais únicos de interação com os promotores, além de serem assumidos níveis de qualidade de
serviço público e prazo previamente reconhecidos; continuando a defender plenamente o interesse público,
nomeadamente os impactos ambientais, contrariamente ao que aqui se quis fazer crer — bastando para isso
ler melhor o que está no cerne deste novo sistema —, mas retirando entraves burocráticos desnecessários;
garantindo que, daqui para a frente, 98%, repito para que este número seja bem retido, 98% dos projetos
industriais — e esta é uma mudança substancial face aos PIN — passam a ser abrangidos por um mecanismo
de Licenciamento zero, com mera comunicação prévia e arranque imediato das atividades, nos casos mais
simples, ou, para os restantes, deferimento tácito automático, conferido num prazo de 10 a 60 dias; criando,
ainda, as zonas empresariais responsáveis que vão permitir à instalação de novos projetos industriais numa
ótica global, de chave na mão, simplificada e com taxas reduzidas.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este é também um momento da verdade para este Hemiciclo. Existem
causas que devem unir-nos. Mais do que pura retórica parlamentar, os portugueses esperam desta Casa
contributos positivos para o futuro de Portugal. Que não nos limitemos a falar em crescimento económico, mas
antes ajudemos construtivamente à sua obtenção. Daqueles que queiram estar neste debate com seriedade
ao lado das empresas…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Ao lado do interesse público!