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20 DE SETEMBRO DE 2012

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foram feitas durante estes meses de verão, com grande coragem, com capacidade para resistir às pressões e

às chantagens, pelo patronato, em tantos setores e em tantas empresas, mostrando que os trabalhadores e o

nosso povo não estão resignados perante a vossa ofensiva.

Se há exaustão, palavra que o senhor também utilizou, é a exaustão que o povo sente das políticas que os

senhores praticam. E mais cedo do que tarde, vai o Governo, vai a maioria e também há de ir a política.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para informação dos Srs. Deputados, estão ainda inscritos, para declarações

políticas, os Srs. Deputados João Semedo, pelo BE, José Luís Ferreira, por Os Verdes, Paulo Mota Pinto, pelo

PSD, e Mota Andrade, pelo PS.

Tem, pois, a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: O passado sábado foi o dia em que o

Governo e a troica foram avaliados, não por obscuros técnicos e organismos internacionais, mas pelo povo,

pelo povo português. O resultado não podia ter sido mais estrondoso: chumbaram, como todos vimos.

Governam, porque detêm o poder, mas já não têm uma réstia de autoridade. É esta a primeira lição destes

dias.

As últimas duas semanas foram bastante esclarecedoras. A coligação desmoronou-se, o Governo está

ligado à máquina e a austeridade está a destruir o país.

A coligação desmoronou-se em direto e a cores, num espetáculo lamentável e muito pouco aconselhável a

menores de idade. PSD e CDS, enquanto vão falando em patriotismo e união de interesses, vão trocando

recados pela imprensa e marcam conferências de imprensa atrás de conferências de imprensa para

responderem um ao outro.

O Governo está ligado à máquina e já não tem País para falar. O primeiro-ministro pediu a unidade de

todos os portugueses e, finalmente, conseguiu-o. De Norte a Sul do País, os cidadãos responderam-lhe. Estão

unidos: unidos contra o governo, unidos contra a austeridade, unidos contra a insensibilidade social, numa

palavra, unidos pela dignidade do salário, do emprego e das suas próprias vidas.

A austeridade, anunciada como redentora e temporária, está a destruir o País. Um ano de governo e o

desemprego está descontrolado, estamos mais endividados, mais pobres e o défice, em nome do qual toda

esta sangria tem sido efetuada, não só não desce como teima mesmo em aumentar.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A austeridade está a revelar-se um fracasso, mas o Governo

responde ao fracasso com uma austeridade ainda mais violenta. Só a cegueira e o fanatismo ideológico

podem explicar a obsessão por esta política e a obsessão do governo com a taxa social única (TSU). O

aumento da taxa social única não cria postos de trabalho, não responde ao défice, nem tem efeitos na

competitividade das empresas. Não vai criar emprego, antes retrairá o consumo e aumentará o desemprego,

como respondem, aliás, em coro todos os potenciais beneficiários da medida, que são, como sabemos, os

empresários.

Sejamos claros: o problema do desemprego não tem nada a ver com os custos salariais. Se assim fosse, e

com os vencimentos a descer a pique, como tem acontecido nos últimos tempos, há muito que tínhamos pleno

emprego, que, sabemos, é coisa que não existe.

Temos cada vez menos pessoas sem trabalho porque temos uma economia parada, com o consumo

sempre a cair, sem crédito nem investimento.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Ao contrário do que nos têm dito, não há nenhum problema de

comunicação na origem dos problemas do Governo. O último dos seus problemas é os cidadãos não

perceberem os seus propósitos. Perceberam, e até se pode dizer que perceberam bem demais. Esse, sim, é o

problema que tem levado o PSD e o CDS à beira de um ataque de nervos. É que, finalmente, os portugueses

perceberam o que o PSD e o CDS pretendem.

Aplauso do BE.