20 DE SETEMBRO DE 2012
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O Sr. João Semedo (BE): — Só é possível dizer o que aqui disse, porque não esteve na manifestação. E
eu não quero aqui repetir o que ouvi na manifestação.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Exatamente! Os adjetivos!
O Sr. João Semedo (BE): — «O povo unido jamais será vencido», «Gatunos»,…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — «Gatunos»!
O Sr. João Semedo (BE): — … «Fora com a troica», «Queremos outro Governo»! Foi isso que ouvi na
manifestação. E não me parece que tivessem sido palavras de bondade ou de simpatia, nem para com o PSD
nem para com o CDS!
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. João Semedo (BE): — O Sr. Deputado ainda tem dúvidas sobre de que lado está o Bloco de
Esquerda?! Olhe, nós é que temos dúvidas sobre de que lado estão o PSD e o CDS, pois se há alguém, nesta
Câmara, que esteja do lado da instabilidade e da subversão da democracia são os senhores,…
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Os senhores!
O Sr. João Semedo (BE): — … porque prometem nas eleições aquilo que, depois, não fazem no Governo.
Isso é que é subverter a democracia! Porque propõem retirar aos trabalhadores o seu salário para o
entregarem aos patrões! Isso é que é subverter a democracia! E também é subverter a democracia impor mais
austeridade sobre austeridade. Isso é que é subverter a democracia!
O Sr. Deputado acabou por dizer que está muito confiante no futuro da coligação. Se julga que vai
continuar por esse caminho, desengane-se, pois não deve haver nenhum português que dê um futuro radioso
à coligação e até, se quer que lhe diga, nem na própria coligação já acreditam nisso.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política cabe ao Partido Ecologista «Os Verdes.
Tem a palavra, Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Depois dos inúmeros
sacrifícios que o Governo PSD/CDS-PP veio impor aos portugueses; depois do corte nos salários e nas
reformas, do roubo dos subsídios e dos cortes nas despesas sociais; depois de colocar o desemprego em
números nunca vistos; depois de fazer o que fez à segurança social, ao Serviço Nacional de Saúde e à escola
pública, o Governo conseguiu, finalmente, aliviar as metas do défice. E, quando se esperaria que o Governo
anunciasse o alívio dos sacríficos que deveria acompanhar o alívio das metas do défice, eis que o Governo
anuncia a pretensão de impor mais medidas de austeridade. E, se é assim, então o Governo anda a fazer mal
as contas; o Governo anda a impor caminhos que não levam a lado nenhum; o Governo continua a impor
receitas que nada resolvem.
Afinal, depois de todos os sacrifícios, o Governo pretende agravar ainda mais a carga fiscal, pela via do
IRS, e proceder a novos cortes nas reformas e nas pensões. E, como se isto fosse pouco, pretende aumentar
para 18% a taxa social única sobre os trabalhadores e, pasme-se, reduzindo a percentagem paga pelos
patrões. Nem mais: o Governo coloca os trabalhadores a pagar mais e os patrões a pagar menos. É esta a
rica justiça social deste pobre Governo. E para os trabalhadores lá se vai mais de um salário por ano. Uma
verdadeira vergonha!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!