I SÉRIE — NÚMERO 1
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contas, porque não têm dinheiro nem para a alimentação nem para pagar as contas de casa é um sucesso?
Acha que é um sucesso as famílias devolverem as casas que tinham comprado por ausência de poder de
compra para as pagar? É um sucesso?!
Sr. Deputado Mota Pinto, o senhor pode ter as palavras mais simpáticas e de consideração pelo esforço
dos portugueses, mas é responsável por essa situação que os portugueses vivem. Não «passe as mãos pelos
ombros» daqueles que sofrem, porque não tem o direito de o fazer, Sr. Deputado!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Por amor de Deus! Que grande espírito democrático!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Deputado, queria deixar-lhe uma outra pergunta, dirigida a quem foi,
durante muito tempo, Presidente da Comissão de Orçamento.
O senhor tem um programa que falhou; um programa que mantinha objetivos, que tinha medidas
aprovadas, as quais foram todas implementadas, e que falhou rotundamente. O senhor, em nome do rigor,
devia ter começado a sua intervenção por uma análise daquilo que falhou, mas não o fez, e com isso mostra
que não está ética e honestamente neste debate.
Mais, Sr. Deputado, se quisesse impor rigor no seu próprio raciocínio pensaria o seguinte: se a receita
falhou, não podemos continuar a impor mais austeridade, medidas ainda mais recessivas, convencidos de que
agora vamos cumprir os objetivos.
O senhor bem sabe que insistir na mesma receita não vai salvar ninguém. Não vai salvar o País, não vai
salvar a dívida do País, não vai desenvolver o País,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Honório Novo (PCP): — … vai, sim, lançá-lo naquilo que o senhor diz que não lança, ou seja, no
caminho da Grécia, no caminho do abismo. E o senhor vai ser responsável por isso!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Mota Pinto para responder.
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Honório Novo, não quero entrar aqui
numa discussão de ética e de honestidade, mas já que fala de honestidade, desde logo intelectual, há algo
que tenho de lhe dizer.
O Sr. Deputado falou do sucesso da avaliação positiva do programa. O Sr. Deputado sabe que a alternativa
à avaliação positiva era a avaliação negativa, era não termos dinheiro para pagar salário e pensões daqui a
uns meses,…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Chantagem!
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — … era aqueles que o senhor diz defender, os mais desfavorecidos, os
mais pobres, os pensionistas, daqui a meses, não terem com que receber.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — É isso que o senhor esquece. Já que fala de desonestidade, deveria
falar disso também!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.