20 DE SETEMBRO DE 2012
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O senhor fala de desemprego e de falências, mas omite qual era a alternativa caso não tivéssemos tido o
programa de ajustamento e o Memorando de Entendimento,…
O Sr. Honório Novo (PCP): — Agora já quer o Memorando? Agora já é vosso?!
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — … e sabe — tem de saber, porque pertencia e continua a pertencer à
Comissão de Orçamento — que a alternativa era muito pior, a alternativa eram falências em maior escala. O
Sr. Deputado esquece que, sem o programa, estaríamos numa situação muito pior, essa, sim, próxima da
situação grega.
Sabemos que o contexto internacional não evoluiu como estava previsto no Memorando de Entendimento,
sabemos que a dimensão, o ritmo e a composição do ajustamento foram diferentes, isso foi explicado, e é
justamente por isso que existem revisões do programa de ajustamento, é justamente por isso que estamos no
meio, que estamos na quinta revisão de 10 ou 11 possíveis.
O Sr. Deputado termina dizendo que estamos a encaminhar-nos para a situação da Grécia.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Vocês!
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — Quero dizer-lhe que foi justamente a prevalência de pontos de vista
como os seus, o facto de se incendiar o País, de se provocar a instabilidade política, o quanto pior melhor, que
levou à situação grega. Nós, com certeza, vamos conseguir evitar isso!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Mota Pinto, vem hoje aqui falar-nos
do consenso de que o País precisa. O consenso de que o País precisa existe, saiu à rua no sábado na maior
manifestação desde os primeiros tempos do 25 de Abril e tinha uma frase: «Está na hora, está na hora, de o
Governo ir embora!» Não sei se ouviu, mas era esta frase e é este o consenso.
Bem sei que o PSD está muito fechado sobre si próprio, sobre os problemas com o CDS e que reúne até
para discutir o parceiro da coligação sem reunir para perceber que sinal fortíssimo é este de um País que se
uniu, sim, para avaliar a troica e o Governo. E sabe que mais? Chumbaram. Chumbou a troica e chumbou o
Governo.
Vem falar-nos de credibilidade, com 1,3 milhões de desempregados, na sua maioria sem qualquer apoio
social. Credibilidade é o quê? O abandono escolar? Não ser possível pagar as contas mais básicas até ao fim
do mês? Qual é a credibilidade de um Governo ou de um programa que exige todos os sacrifícios e depois
não oferece nada, nada? Não há uma única projeção vossa que bata certo; nada no vosso Governo, nada no
vosso programa bate certo. Há mais dívida, a dívida aumenta, o défice derrapa. Não há nada, nada, que bata
certo. E vem falar-nos de união? A união existe, e é dizer que basta, que chega.
Não venham dizer-nos que vão modelar o que não é modelável. Qual é a racionalidade de, num País que
já tem a maior desigualdade da Europa, em que os salários já são mais baixos, vir dizer que os trabalhadores
devem entregar um mês de salário aos patrões? Não há qualquer racionalidade nesta medida. O que é
irracional não se modela nem se explica.
Os senhores não foram capazes até agora de explicar a medida, e não são capazes de a explicar porque
não vai para lado nenhum; os senhores estão a cavar um buraco. O País uniu-se, sim, e disse: «Está na hora,
está na hora, de o Governo ir embora!».
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Mota Pinto.