I SÉRIE — NÚMERO 1
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Há pouco ouvi o Sr. Ministro dizer que já estavam 1200 bolsas pagas este ano. Gostava que confirmasse e
explicasse como é que é possível que durante tantos anos isso não tenha acontecido e o que é que foi
alterado para tal ser hoje uma realidade, porque, como bem saberá, e nós também concordamos, a situação
dos anos anteriores não pode voltar a acontecer.
Já agora, queria também que explicasse, com mais detalhe, como é que foi possível que este ano, pela
primeira vez — e é mais um momento histórico — todos os alunos do ensino superior começassem as aulas
no mesmo dia.
Não gostava de terminar sem antes chamar a atenção aqui, na Casa da democracia, para a primeira vez
que se tentou tornar as transformações de acordo com a realidade que vivemos em Portugal e em que, pela
primeira vez, e dou os parabéns ao Governo por isso, foram impedidas as escolas de criar novas vagas em
cursos que não tivessem empregabilidade satisfatória.
É esse ajustamento do ensino superior à realidade que nos vai permitir ter menos estudantes em cursos
sem saídas profissionais e, sobretudo, ter menos licenciados desempregados, vindos de cursos sem saídas
profissionais.
Aplausos do PSD e do CDS.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se ainda a Sr.ª Deputada Odete João, do PS, que ainda dispõe de tempo,
embora pouco, pelo que tem a palavra.
A Sr.ª Odete João (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro da Educação, ouvimos
aqui um discurso inflamado de agradecimento aos dirigentes escolares e o PS associa-se a esse
agradecimento…
Vozes do PSD: — Ah!…
A Sr.ª Odete João (PS): — … por uma razão simples: porque esses dirigentes escolares foram capazes de
ultrapassar todas as dificuldades que a equipa ministerial lhes criou.
Passo a citar: legislação em catadupa e à última da hora — os dirigentes escolares foram capazes de
ultrapassar e responder, mesmo que isso os obrigasse a fazer o trabalho duas e três vezes sobre o mesmo
assunto; horários zero — primeiro, pediram uma informação, depois, pediram outra, depois, deram outras
orientações e os dirigentes escolares foram capazes de ultrapassar a situação, respondendo atempadamente,
porque sabiam que a resposta aos alunos era essencial para que o ano corresse com normalidade; metas
curriculares — já ouvimos aqui dizer isto e o contrário: afinal, aplica-se ou não no próximo ano letivo? É que o
GAVE publicitou a aplicação das metas curriculares aos exames e, depois, retirou essa informação. O Sr.
Ministro referiu aqui, novamente, as metas curriculares. São ou não para aplicar no próximo ano?
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Odete João (PS): — Termino sim, Sr.ª Presidente.
Outra questão que ficou respondida pelo Sr. Secretário de Estado de forma dúbia, na audição de ontem, é
a seguinte: os diretores escolares foram obrigados a indicar os professores com horário zero e, depois, foram
obrigados a não lhes atribuir turma, de acordo com as orientações do Ministério da Educação. O Sr. Secretário
de Estado diz que é da responsabilidade dos diretores escolares a atribuição ou não de turma. Sr. Ministro,
esta pergunta está por responder, porque sabemos que isto é uma interferência brutal na autonomia das
escolas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para encerrar o debate, dou a palavra ao Sr. Ministro da Educação e Ciência.