20 DE SETEMBRO DE 2012
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Aplausos do PS.
Sabe o Sr. Ministro da Educação que quem não deve não teme e V. Ex.ª teve medo da comunidade
escolar, dos alunos, dos professores, dos pais e dos funcionários não docentes.
Tem medo porque, no último ano, tratou mal os alunos, avançando com uma reforma curricular
atabalhoada, sem qualquer base técnico-científica conhecida, que tornou a escola pública muito mais pobre.
Tratou mal os estudantes, pondo fim a áreas curriculares não disciplinares, aumentando o número de
alunos por turma, piorando as condições de aprendizagem e as condições para um eficaz combate ao
insucesso escolar.
Tratou mal os professores, ferindo a sua dignidade, jogando muitos deles para os horários zero e outros,
milhares, para o desemprego, incrementando e tratando com crueldade e frieza o maior despedimento coletivo
feito em Portugal.
Tratou mal os pais, sobrecarregando-os com custos acrescidos, resultantes de cortes na ação social
escolar e acabando com o passe social para milhares e milhares de alunos.
Tratou mal o ensino superior, como, aliás, hoje vem documentado com as declarações do Presidente do
Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Tratou mal os funcionários não docentes e docentes, retirando-lhes, de forma ilegal, inconstitucional, os
subsídios de férias e de Natal.
Enfim, tratou mal a inteligência dos portugueses, inventando um número — menos 200 000 alunos, nos
últimos três anos, a frequentar a escola pública — para justificar a sua opção ideologicamente construída,
aceite voluntariamente e incrementada com zelo, de cortar, de recuar no investimento em educação para
níveis semelhantes aos de há 20 anos, cortes estes que, aliás, vão contra a recomendação da OCDE.
Sr. Ministro, cabe-nos preguntar de que cartola retirou esse número dos 200 000 alunos a menos no
sistema público de ensino? Em que medida correlaciona essa suposta quebra com o despedimento de
professores? Foi alguns dos seus credenciados assessores que lhe passou tão erradas informações? Ou foi o
seu rigor, como ilustre matemático, que, contra todos os dados conhecidos, publicados e analisados, chegou a
tão extraordinário número?
Sr. Ministro, tem hoje a oportunidade de se autocorrigir nesta Assembleia e perante o País.
Por fim, sugiro a V. Ex.ª que fale com clareza e com verdade aos portugueses, sugiro que deixe de
disfarçar e reconheça que a sua passagem pelo Ministério da Educação e Ciência tem como único objetivo
reduzir o investimento na escola pública, de todas as formas e feitios, e não melhorar a educação em Portugal.
É que todos, todos, sentem que hoje estamos muito pior no sector da educação do há um ano.
O PS não se resigna a esta suposta inevitabilidade. O PS acredita nos nossos jovens, nos nossos
professores e na escola pública, em Portugal.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro e Srs. Secretários de Estado, em
primeiro lugar, queria aproveitar esta oportunidade para agradecer, em nome do CDS, a todos os diretores das
escolas e agrupamentos, bem como a todos os professores, o trabalho e o esfoço investido na preparação
deste ano letivo.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — O seu mérito é a prova de que temos nas nossas escolas
profissionais de enorme competência e de enorme dedicação à causa.
É bom sublinhar que são estas as pessoas que fazem a verdadeira diferença para melhorar o sistema
educativo e a escola pública.
Em segundo lugar, queria felicitar também a equipa ministerial pela forma como o ano letivo arrancou. Este
início de ano decorreu num clima calmo, de normalidade e sem instabilidade, porque o processo foi bem