I SÉRIE — NÚMERO 4
46
No caso do Ministério da Educação e Ciência as crianças provenientes destas famílias merecem uma
atenção igualmente cuidada.
Cientes desta responsabilidade, compreendemos e agradecemos a preocupação subjacente ao projeto de
lei n.º 279/XII (2.ª), apresentado por Os Verdes, propondo a alteração do Decreto-Lei n.º 55/2009 de modo a
garantir a adequação do programa de leite escolar.
Mas, efetivamente, o problema focado não existe, porque, primeiro, quando os agrupamentos de escolas
incluem nos atos concursais situações de intolerância à lactose, comunicadas pelos encarregados de
educação e sustentadas por declaração médica, o seu fornecimento já é assegurado, e, segundo, no Decreto-
Lei n.º 55/2009, o programa do leite escolar que legisla a ajuda comunitária para que o leite e determinados
produtos láteos sejam facultados aos alunos, não especifica em ponto algum o tipo de leite a facultar.
Assim, não se justifica de todo a alteração deste decreto-lei, especificando a possibilidade de fornecimento
de leite sem lactose, porque tal já ocorre nas situações devidamente sinalizadas e comunicadas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Pareceria estranho que surgisse nesta
Assembleia da República uma iniciativa como a que o Partido Ecologista Os Verdes aqui nos traz e, contudo,
não é estranho, porque os Deputados que trabalham na área da educação têm recebido sucessivas queixas
da parte de encarregados de educação de alunos que têm o problema da intolerância à lactose e que, no
âmbito do debate com os responsáveis da escola e respetiva direção regional, não têm tido resolução para
esta questão.
Parece que apenas bastaria algum bom senso para que esta solução fosse encontrada: temos crianças
que têm problema de intolerância à lactose, temos um programa de distribuição de leite escolar, é preciso
adequar aquilo que é a oferta às necessidades destas crianças. Porém, há aqui um problema: é que quem faz
a distribuição deste leite, no programa de distribuição de leite escolar, são os responsáveis do Ministério da
Educação e as escolas, que não têm verbas nem capacidade de adequar esta oferta, sucessivamente dirigem-
se à sua respetiva direção-regional e não têm resposta.
Como há uma ausência na legislação, fico preocupada, porque se a legislação tem de ter todos os
cuidados para não ter em conta aquilo que parece de manifesto bom senso, que é adequar às necessidades
das crianças aquilo que é a vontade de distribuição do leite escolar, então, temos, de facto, de encontrar uma
iniciativa legislativa, e é nesse sentido que creio ser de saudar a iniciativa que nos foi aqui trazida pelo Partido
Ecologista «Os Verdes», que pareceria à primeira vista desnecessária e, contudo, das queixas que nos
chegam dos encarregados de educação, ela é absolutamente necessária.
Queria ainda fazer uma outra pequena ressalva sobre uma outra matéria que foi aqui trazida na
intervenção da Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
Faz praticamente um ano que o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República uma proposta
para que fosse criado o programa de pequeno-almoço escolar. Apresentámo-lo no Orçamento para 2012, para
estar agora a ser implementado.
Na altura, a maioria, pura e simplesmente, achou que este era um programa não possível, ou não
necessário, mas evoluiu nessa posição e estamos satisfeitos. Contudo, há um problema grave: escolas que,
no ano passado, foram contactadas para, eventualmente, virem a iniciar o programa do pequeno-almoço
escolar, este ano, no início do ano letivo, não têm qualquer notícia do Ministério da Educação.
Portanto, parece que aquilo que tinha sido o chegar a uma boa solução, à iniciativa de termos o pequeno-
almoço nas escolas, a nada mais se resumiu do que a um conjunto de anúncios por parte do Ministério da
Educação, negociações com distribuidores, com empresas do ramo alimentar, que iam fazer um projeto-piloto
em 80 escolas, e agora vai ser em mais algumas, mas a verdade é que as aulas já começaram, o Sr. Ministro
da Educação já veio aqui, ao Parlamento, anunciar que estava tudo a correr muitíssimo bem mas o programa
do pequeno-almoço escolar, afinal, ainda não chegou aos alunos.
Vamos estar muito atentos, Srs. Deputados, porque ele continua a ser mais do que necessário.