27 DE SETEMBRO DE 2012
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ouvem os parceiros, nestes domínios, mas uma coisa bem certa é que o conceito de ouvir é bem diferente do
conceito de negociar e é fundamental dar mais importância aos parceiros a nível regional — estamos de
acordo —, por forma a que eles participem de forma mais interveniente, mais ativa, nestes processos de
negociação e isto não põe em causa, de forma alguma, as autonomias das Regiões Autónomas da Madeira e
dos Açores, tal como foi dito pelo PSD.
Isto reforça, de facto, os princípios constitucionais, exigíveis pela Constituição, ou seja, os princípios na
negociação coletiva de trabalho a nível regional. Por isso, esta legítima pretensão deste projeto de lei,
apresentado pelo Bloco de Esquerda, de densificar ainda mais esta exigência de serem observados os
princípios constitucionais e os princípios da negociação laboral faz todo o sentido e merece o acordo do
Partido Socialista.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Lurdes Ribeiro,
a quem cumprimento pela sua primeira intervenção nesta Assembleia.
A Sr.ª Lurdes Ribeiro (PCP): — Muito obrigada, Sr. Presidente.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: O PCP considera que este projeto de lei é um bom contributo para a
negociação coletiva dos trabalhadores da administração pública, nomeadamente para os das administrações
regionais.
No entanto, todos sabemos como se faz negociação coletiva entre o Governo e os representantes dos
trabalhadores da administração pública.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Lurdes Ribeiro (PCP): — Aliás, a palavra negociação deveria ser substituída por imposição, dada a
forma como tem sido tratada, pelos sucessivos governos, desde logo, quando o árbitro é o próprio patrão e é
lógico que «a faca e o queijo» estão do lado do Governo.
Convém assinalar que se até aqui os sindicatos tinham o grande entrave do Governo, agora também têm o
da troica, para quem os trabalhadores não valem nada. São duas faces da mesma moeda.
Se a negociação coletiva fosse encarada de uma forma séria, não tínhamos assistido ao anúncio de roubos
nos salários e nos direitos dos trabalhadores pela boca do Primeiro-Ministro e do Ministro das Finanças,
através da comunicação social, sem antes, pelo menos, propô-los em sede de negociação.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Lurdes Ribeiro (PCP): — O atual Governo PSD/CDS-PP recusa negociar com os representantes
dos trabalhadores. Aliás, se não fosse assim, não teria iniciado a negociação anual prevista legalmente para
Setembro, como o fez no passado dia 18, sem apresentar uma proposta das medidas concretas, ainda mais
depois do roubo gigantesco já anunciado.
O descaramento do Governo é tal que vem agora, falsamente, falar de uma eventual devolução dos
subsídios quando, na realidade, não quer devolver nada, quer, sim, continuar a roubar o salário destes
trabalhadores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Lurdes Ribeiro (PCP): — Para concluir, direi que os trabalhadores, que não são os responsáveis
pela crise atual, tinham todo o direito de serem informados e ouvidos sobre as propostas do Governo.
Por outro lado, o roubo nos salários e nos subsídios, a facilitação e embaratecimento dos despedimentos, a
mobilidade forçada, o aumento do horário de trabalho revela bem que a política deste Governo é destruir os
serviços públicos e atirar para o limiar da pobreza milhares de trabalhadores da administração pública.