6 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. António Filipe (PCP): — O senhor veio aqui falar de sucessos, mas o resultado da sua governação
(sei que é duro, mas os senhores têm de ouvir) é um ciclo vicioso de desemprego, de recessão, de
empobrecimento, de miséria, e os portugueses não aceitam essa política.
O senhor veio aqui dizer que não há outro caminho que não seja o suicídio, a liquidação do nosso País, e
isso os portugueses não aceitam!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — O que está em causa, hoje, é muito claro, é a demissão deste Governo.
A demissão deste Governo — e os portugueses têm cada vez mais consciência disso — é o único caminho
para evitar a tragédia social para onde os senhores estão a arrastar o País, a grande velocidade. Por isso, só
há um caminho para o País, que é a demissão deste Governo.
Sr. Primeiro-Ministro, não somos só nós que o dizemos, é o País que o exige todos os dias. Este Governo
sairá e não o fará pela porta da frente mas, sim, pela porta das traseiras, que é a única porta por onde os
portugueses deixam os membros do Governo sair à rua.
O Governo poderá sobreviver hoje, nesta Assembleia, à moção de censura, mas não sobreviverá à
censura que vai por esse País fora. E, até à demissão deste Governo, temos a certeza absoluta que essa
censura, a censura dos portugueses, vai continuar.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Ao Sr. Deputado António Filipe, que entende
que pode dizer tudo o que quer, quero apenas dizer que considero a sua intervenção indigna de um Deputado
eleito pelo povo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP.
Nessa medida, não merece qualquer resposta.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ouça os portugueses!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado António José Seguro disse que avisou, no ano passado, que
este não era um caminho que pudesse dar bom resultado. Mas o Sr. Deputado, no ano passado, também
insistia em que havia muitas «almofadas» no Orçamento. Tantas «almofadas» no Orçamento que o Governo
ia ficar com uma folga muito grande para fazer o bonito de dizer que ia baixar o défice além daquilo que era
necessário.
Sr. Deputado, já deve ter visto com olhos de ver que, no ano passado, o défice foi de 7,7%, se tivermos em
linha de conta a solução extraordinária que encontrámos para transferir fundos de pensões da banca para a
segurança social. Esse é o défice de que Portugal parte para 2012: não é de 4,2%, é de 7,7%, Sr. Deputado! E
foi de 7,7%, apesar das medidas adicionais que tomámos para evitar que esse défice fosse tão grande.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Fale do défice deste ano! Fale do seu défice!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabe que o défice, este ano, será de 6%. E o Sr. Deputado pode fazer uma
conta simples: se o défice foi de 7,7% no ano passado e vai ser de 6% este ano, porque, como sabemos, ele
será de 5% também com medidas extraordinárias — o Sr. Deputado sabe isso, eu sei isso, o País inteiro sabe