I SÉRIE — NÚMERO 8
40
Se é esta a ajuda e o contributo que o PCP e o Bloco de Esquerda querem dar a Portugal, nesta difícil e
grave conjuntura, então, temos de saudar daqui os nossos concidadãos, pela lucidez que têm revelado, ao
manterem aqueles partidos arredados do poder e acantonados na oposição mais à esquerda.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Diga-se, porém, que o PCP e o Bloco de Esquerda são coerentes, e consequentes, com as suas opções
políticas e ideológicas.
E qual o posicionamento do Partido Socialista, relativamente às moções de censura em debate? Ao maior
partido da oposição, alternativa do Governo, exige-se clareza e a assunção, sem hesitações, das suas
responsabilidades.
Infelizmente, temos assistido, por parte do Partido Socialista, apesar de responsável pela grave
degradação financeira do País, por via de uma governação perdulária e de um colossal endividamento, a um
tacticismo partidário e eleitoralista, que não honra o PS como partido fundador da nossa democracia.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Guilherme Silva (PSD): — O Secretário-Geral do Partido Socialista transformou-se num verdadeiro
Frei Tomás: diz uma coisa e faz outra!
Como seria descaramento a mais assumir que, pura e simplesmente, não respeitava o Memorando, que o
PS negociou e assinou com a troica, vai apregoando que honrará tais compromissos. Todavia, ao mesmo
tempo, a propósito de todas e cada uma das medidas de execução do Memorando, o Partido Socialista não
resiste à tentação de se querer demarcar de quanto, por culpa sua, exige pesados sacrifícios aos portugueses.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Ainda bem!
O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Isto não é sério e não é eticamente admissível.
Esta duplicidade, esta incoerência e a fuga tacticista às suas responsabilidades, por parte do Partido
Socialista, retira-lhe a idoneidade exigível, como maior partido da oposição, para se poder apresentar perante
os portugueses como alternativa de poder.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!
O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Aliás, o desastre da sua governação prolonga-se, não apenas na nossa
memória coletiva, mas também nos sacrifícios que diariamente somos obrigados a suportar, sem
esquecermos quem são os responsáveis pela situação criada.
Esta incoerência, inconsistência e demagogia do Partido Socialista não escapa à sociedade civil e aos
próprios comentadores e analistas.
Não admira, pois, que Baptista Bastos, em recente artigo de opinião publicado num jornal diário, adaptando
a interrogação sobre o estado da matéria à pessoa do líder socialista, perguntava em que categoria
colocaríamos o Secretário-Geral do PS: líquido ou gasoso? Sólido, certamente não!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Nós não podemos citar nada. Agora, os senhores podem citar tudo, até
mentiras!
O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e
Srs. Deputados: Esta era uma oportunidade que o Partido Socialista tinha para assumir aqui, perante os
portugueses, uma atitude clara de demonstração de que está solidário com eles, com o esforço brutal e
exemplar que estão coletivamente a fazer, indispensável para que Portugal se liberte, o mais rapidamente
possível, da situação de protetorado em que o Governo de Sócrates o colocou.