11 DE OUTUBRO DE 2012
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estratégia assente no interesse nacional. Mas também aqui, mais uma vez, o Governo e os seus mentores
querem ir mais longe do que aquilo que resulta desses compromissos internacionais, querendo privatizar a
RTP e a Águas de Portugal.
O Partido Socialista já expressou que somos frontalmente contra estas privatizações, bem como contra a
privatização parcial ou total da Caixa Geral de Depósitos. E, mais uma vez, relembro que estas privatizações
não constam do Memorando da troica.
A estratégia que o Governo levou a cabo, de ir muito além do Memorando em todas as áreas, serve,
exclusivamente, a sua agenda ideológica e está a ser um colossal, sim, um colossal desastre para a vida dos
portugueses.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Também a privatização destas empresas serviria o mesmo propósito de
esvaziamento do que devem ser as funções centrais de um Estado moderno.
Em suma, Sr.as
e Srs. Deputados, o debate que hoje aqui foi travado evidencia bem o falhanço e a falta de
sentido de Estado do Governo também neste domínio. Mas importante seria o Governo reconhecer as suas
falhas e arrepiar rumo. Sim, porque há outro caminho para bem de Portugal.
O Partido Socialista não se cansará de apontar esse caminho. E faço daqui um apelo ao Sr. Primeiro-
Ministro no sentido de parar para pensar. Sim, parar para pensar antes que seja tarde demais, porque, Sr.as
e
Srs. Deputados, o que está em jogo é muito importante, é o interesse de Portugal e dos portugueses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr.as
e Srs. Deputados, estando concluído o debate de urgência requerido pelo PS,
passamos ao segundo ponto da ordem do dia, que é a apreciação em conjunto, na generalidade, da proposta
de lei n.º 96/XII (2.ª) — Introduz alterações ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares, ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, ao Código do Imposto do Selo
e à Lei Geral Tributária, e o projeto de lei n.º 300/XII (2.ª) — Determina o princípio do englobamento das mais-
valias em IRS (BE).
A ordem das intervenções consistirá numa primeira intervenção do Governo, numa segunda intervenção,
do Bloco de Esquerda, de apresentação do seu projeto de lei, e está já inscrito, para uma terceira intervenção,
o Sr. Deputado Paulo Sá, do PCP.
Tem a palavra, para apresentar a proposta de lei, o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a quem
aproveito para cumprimentar.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (Paulo Núncio): — Sr.ª Presidente da Assembleia da
República, Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo elegeu como princípio prioritário da sua política fiscal a
equidade social. Esta é ainda mais importante em tempos de rigor como forma de garantir a justa repartição do
esforço fiscal.
No período exigente que o País atravessa, durante o qual se encontra vinculado a cumprir o programa de
assistência económica e financeira, torna-se ainda mais premente afirmar o princípio da equidade. Não podem
ser sempre os mesmos, os trabalhadores por conta de outrem e os pensionistas, a suportar os encargos
fiscais.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Haja descaramento!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Para que o sistema fiscal seja mais justo é decisivo
promover o alargamento da base tributável, exigindo um esforço acrescido aos contribuintes com rendimentos
mais elevados e protegendo dessa forma as famílias portuguesas com menores rendimentos.
Para que o sistema fiscal promova mais igualdade é fundamental que o esforço de consolidação
orçamental seja repartido por todos os contribuintes e incida sobre todos os tipos de rendimento, abrangendo