12 DE OUTUBRO DE 2012
53
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Menezes para pedir
esclarecimentos.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, agradeço o tema que nos
traz a debate.
Começaria por fazer um pequeno reparo, que é de pormenor mas que é relevante, pelo menos para mim.
Acusei o Secretário-Geral do Partido Socialista de ter uma atitude populista e demagógica no que diz
respeito à reposição do feriado do dia 5 de Outubro. Também nesse dia, o Sr. Deputado António José Seguro,
que estava com o apelo ao populismo fácil e barato muito à flor da pele, disse uma série de coisas nesta lógica
de agradar a gregos e troianos que o Partido Socialista quer seguir.
Sr.ª Deputada, o tema que trouxe a debate, da redução do número de Deputados, é, como sabemos, um
tema que nos divide, um tema onde o PSD tem os seus pergaminhos, e tem orgulho nos pergaminhos que
tem. É um tema importante e, para além do mais, está constitucionalmente previsto.
O PSD tem sido liderante nesta matéria, aliás, foi até hoje o único partido que apresentou propostas
concretas sobre a mesma, e o Partido Socialista disse sempre «não, não e não». Foi, por isso, com alguma
surpresa que ouvimos o Deputado e Secretário-Geral do Partido Socialista, António José Seguro, dizer, num
discurso, que até ao final do ano o PS vai apresentar na Assembleia da República uma proposta de alteração
da Lei Eleitoral, com o intuito de reduzir o número de Deputados — foi o que disse o Secretário-Geral do
Partido Socialista.
Hoje, depois de uma atribulada reunião da bancada do Partido Socialista, o Deputado Carlos Zorrinho diz
que considera que a redução do número de Deputados não é prioritária. Portanto, o Secretário-Geral diz que
apresenta uma proposta até ao fim do ano; o líder da bancada do Partido Socialista diz que, afinal, isto não é
prioritário em função da comoção interna que gerou.
Ora, a nossa posição é clara, mas é lamentável ver a facilidade com que o Partido Socialista fala de um
tema central como é o da Lei Eleitoral para a Assembleia da República. O Secretário-Geral e o PS falaram
disto com uma leviandade tal que imediatamente se puseram a recuar.
Protestos do Deputado do PS Pedro Nuno Santos.
Acho que isto mostra bem não só a dificuldade em gerir a agenda mediática do Partido Socialista, o que se
evidencia pela falta de alternativas que apresenta, mas acima de tudo a vontade, à outrance, de querer ser
popular a tudo o custo. A nossa posição sobre isto é clara, mas também é claro que achamos que há outros
temas na agenda política que são muito mais prioritários. Aquilo que me assusta é ver quase todos os dias a
bancada do Partido Socialista a desautorizar o líder do seu partido, porque isso é preocupante para o País e
para a democracia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Menezes, muito obrigada pelas suas
palavras. Tomei boa conta de que algumas das citações que fiz da tribuna não foram exatamente do seu
agrado.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Não é «não foram do meu agrado», não foram as que eu disse!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Acho que há uma espécie de disputa entre o PSD e o PS para ver quem é
que ganha mais facilmente as maiorias absolutas na secretaria.
O Sr. João Semedo (BE): — Esse é o problema!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — É verdadeiramente disso que se trata.