I SÉRIE — NÚMERO 15
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A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Dir-me-ão o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista: «Mas há mais
custos»! Pois, com certeza, mas também a Lusa, como todas as empresas por esse País fora, públicas e
privadas, terão de encontrar novas receitas, estudar novos modelos de negócio, aprender a fazer mais com
menos.
Por isso, deixo uma pergunta a esta Câmara, particularmente ao Bloco de Esquerda, que aqui, hoje, trouxe
esta questão a debate: perante os sacrifícios que são pedidos a todos a portugueses, a Sr.ª Deputada
Catarina Martins acha mesmo que esses portugueses compreendem a intervenção catastrofista que hoje
trouxe a este Plenário?!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: As primeiras palavras são para manifestar a total solidariedade do Partido Ecologista «Os Verdes»
para com a luta e as reivindicações dos trabalhadores da agência Lusa. Uma luta que não tem que ver apenas
com a defesa dos seus postos de trabalho, o que só por si seria igualmente legítimo, mas também com a
defesa de um serviço público de informação de qualidade, com adequada cobertura temporal e territorial tanto
em Portugal como no estrangeiro.
De facto, o Governo não para de nos surpreender; parece até que tem um problema com o serviço público.
Decididamente, o Governo tem um problema com o serviço público de informação: quer privatizar a RTP e,
agora, quer proceder a este corte nas contrapartidas do Estado à Lusa em cerca de 30%. E o pior é que os
portugueses não conseguem perceber as razões que levam o Governo a ter este problema com o serviço
público de informação.
Primeiro, o Governo denuncia o Contrato de Prestação de Serviços Noticioso e Informativo de Interesse
Público entre o Estado e a agência Lusa e, depois, na sequência dessa denúncia e no quadro da proposta de
Orçamento de Estado para 2013, o Governo pretende proceder a uma redução de 30% da contrapartida do
Estado à Lusa.
Ora, esta brutal redução da dotação do Estado à Lusa vai certamente provocar um grave constrangimento
relativamente à atividade normal da Lusa, fragilizando a sua capacidade operacional tanto em Portugal como
no estrangeiro e colocando em causa a quantidade e a qualidade do importante serviço que a Lusa presta ao
País, em termos informativos.
Aliás, a própria administração da empresa já reconheceu que, com os cortes nas verbas relativas ao
contrato-programa que o Governo pretende impor, será impossível manter a atual rede da Lusa e a atual
estrutura. E sempre importará recordar que a Lusa, dada a dimensão e diversidade da sua cobertura, com
presença em todo o País, representa atualmente um pilar fundamental para toda a imprensa, seja local, seja
regional, seja nacional, desempenhando ainda um papel insubstituível ao fazer chegar a todo o mundo as
posições de Portugal, difundindo os seus interesses políticos e económicos, bem como a nossa língua e a
nossa cultura.
Através dos seus correspondentes nos países lusófonos e onde existem significativas comunidades de
emigrantes, a agência Lusa desempenha um papel determinante na coesão nacional e no importante reforço
da ligação a Portugal.
A Lusa divulga mensalmente cerca de 12 000 notícias, uma média diária de 395 notícias em texto, 3615
fotografias, mais de 1000 sons e cerca de 850 vídeos, respondendo desta forma às necessidades de rádios,
jornais e televisões.
Não restam dúvidas que esta pretensão do Governo, a concretizar-se, contribuirá para deixar algumas
regiões ainda mais isoladas e levará à redução da diversidade de cobertura, lesiva da democracia, da cultura e