25 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Ministro, que conhece bem os interesses angolanos, saberá, porventura, quem está a tentar comprar
a Controlinveste, quem controla o Sol e o I e o que poderá acontecer à comunicação social portuguesa não
tarda nada, mas a democracia não conhece. E o que é preciso saber é por que é que esta maioria e este
Governo se opõem à legislação sobre a transparência da propriedade da comunicação social, que não só é
indispensável à independência da comunicação social como é a única forma de aferir sobre a concentração
dos grupos de comunicação social em Portugal.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Também para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Francisca Almeida.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de
saudar o Bloco de Esquerda por ter trazido este tema à discussão, mas quero também dizer-lhe, Sr.ª
Deputada Catarina Martins, que o Grupo Parlamentar do PSD está consciente da importância da agência Lusa
na prestação de um serviço público, de um serviço que é de interesse público para Portugal e para o mundo
lusófono.
Reconhecemos e saudamos igualmente o esforço, o mérito e a dedicação de todos os jornalistas e
trabalhadores da agência Lusa.
Todavia, paralelamente, conhecemos o estado do País e o estado a que chegaram as nossas contas
públicas e, contrariamente ao Bloco de Esquerda, que hoje aqui trouxe esta questão, renunciamos a viver na
ilusão e, sobretudo, renunciamos a vender aos portugueses a ilusão de que tudo está bem e os recursos
abundam.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Esse discurso é um discurso próprio de quem nunca assumirá
funções governativas e não teme vir a ser confrontado com as propostas inexequíveis que vai fazendo neste
Parlamento.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Como bem sabem o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, a
agência Lusa não sofreu qualquer corte nos últimos três anos.
Mais: à exceção do ano que passou, no tempo da governação socialista, a Lusa distribuiu sempre
dividendos aos seus acionistas e prevê obter, este ano, um lucro de 4 milhões de euros.
Por isso, o que pergunto, e deixo esta pergunta à Câmara, é se é razoável, até em face do quadro que
tracei, que a Lusa fique à margem de um esforço que está a ser pedido a todas as empresas do Estado e,
mais do que isso, do enorme esforço que está a ser pedido a todos os portugueses. Acham mesmo que os
nossos concidadãos compreenderiam isso?!
Protestos do PCP.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Então, despede-se?!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Mas importa deixar aqui duas notas, de forma clara.
O contrato que o Estado está a negociar com a Lusa para os próximos três anos garantirá, como bem disse
o Sr. Ministro, a cobertura integral do território nacional e do mundo lusófono e, como é evidente, não pode
estar em causa a prestação do serviço público por parte da Lusa.
Mas o Estado não é o único acionista da Lusa, tem apenas 51% do capital da empresa.
Independentemente disto, o Estado transfere, sozinho, para a Lusa, um montante superior àquele que é
necessário para pagar os salários de todos os trabalhadores.