25 DE OUTUBRO DE 2012
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a Irlanda. As mesmas notícias informam que, no contexto das suas diligências e encontros com responsáveis
europeus, o Primeiro-Ministro terá conseguido o que pretendia: obter uma declaração, designadamente da Sr.ª
Merkel, de que o caso irlandês tem condições únicas, é um caso especial, sem analogia, e por isso poderá
usufruir de condições específicas no que se refere ao tratamento da parte do programa de resgate que foi
empregue na recapitalização do setor financeiro.
Não queremos, naturalmente, atirar uns Estados contra outros. Pelo contrário, defendemos que deve haver
solidariedade, particularmente entre quem tem programas de ajuda externa.E achamos muito bem que a
Irlanda defenda os seus interesses. Mas esperamos que o Governo esteja atento a essas condições especiais
que estão a ser desenhadas para a Irlanda.
E sobre Portugal, que notícias há?
Pouco mais do que as notícias sobre os vários encontros que o líder do principal partido da oposição tem
mantido com dirigentes europeus, em França, designadamente com o Sr. François Hollande, e na Alemanha,
nomeadamente com o candidato do SPD, a Chanceler Peer Steinbrück.
O líder do Partido Socialista tem reafirmado a vontade de cumprir compromissos, mas tem defendido, junto
dos seus interlocutores, a necessidade de dar mais tempo a Portugal para o seu reajustamento, de baixar os
custos de financiamento a que estamos sujeitos e de reorientar os nossos esforços da austeridade para o
crescimento.
Do Primeiro-Ministro e do Ministro dos Negócios Estrangeiros portugueses não se ouve falar na Europa.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Ainda ontem, um Deputado ao Parlamento Europeu, eleito pelo PSD,
assinalava essa perplexidade num artigo publicado num jornal.
Situação bizarra e incompreensível, Srs. Deputados: o líder do PS, mesmo sabendo que os seus parceiros
na Europa ainda não são, infelizmente, decisivos para mudar o rumo que a União Europeia segue, não poupa
esforços para encontrar apoios para Portugal, para lutar por Portugal e por uma Europa mais próxima das
suas raízes. Ao invés, o Primeiro-Ministro, mesmo pertencendo à corrente de partidos liberais que governam a
maior parte da Europa e que decidem, esconde-se, continua a não ter política europeia nem estratégia de
defesa dos interesses de Portugal na Europa, luta pela sobrevivência, enredado nas desavenças internas do
seu Governo.
Aplausos do PS.
O Governo gosta de se apresentar como um bom aluno, na Europa. Nada tenho contra os bons alunos. Os
professores gostam dos bons alunos.
Mas os professores, mesmo que não o digam, sentem-se desconfortáveis com aqueles alunos que, apesar
de muito estudiosos, nunca abrem a boca nas aulas e têm invariavelmente más notas nos exames.
Aplausos do PS.
Este Governo é um aluno marrão, que não tem protagonismo nas aulas e começa a ter más notas. E o
professor desconfia da sua capacidade.
Que melhor prova disso do que a exigência feita pela Comissão Europeia de que o Governo prepare, com
urgência, um novo plano de redução da despesa para prevenir o esperado falhanço na cobrança da receita de
2013? Que melhor prova da ausência de confiança da Comissão e, porventura, da troica, em relação à
estratégia e capacidade do Governo para cumprir os seus objetivos?
É tempo de o Sr. Primeiro-Ministro deixar de ser como aqueles alunos inseguros, que se escondem atrás
da carteira quando o professor interroga, esperando não chamar a atenção.
Aplausos do PS.