25 DE OUTUBRO DE 2012
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Porém, com toda a amizade e frontalidade, Sr. Deputado, queria dizer-lhe que, mesmo de acordo com a
sua teoria, antes o pseudo bom aluno do que o aluno cábula, gastador, que falta às aulas, que não estuda,
que não se prepara e que gasta mais do que tem que tivemos durante seis anos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bendito bom aluno, em comparação com o aluno que tivemos nos
últimos seis anos!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Deputado, já sabemos que para o Partido Socialista há apenas e só uma opção e uma esperança. A
esperança é o Sr. Hollande e a opção é mais tempo, baixar custos e mais crescimento. Sr. Deputado, já agora,
diga-nos como? Dando uns «toques na bola» à porta do SPD? Com toda a franqueza, acho muito bem que o
Secretário-Geral do Partido Socialista vá falar com o Sr. Steinbrück — é uma tarefa patriótica e que,
obviamente, faz parte do papel quer da maioria quer da oposição -, mas não ouvimos qualquer tipo de
alternativa, de solução, para além do enunciado de desejos que todos nós temos.
Os Srs. Deputados querem baixar o custo dos juros. Como? De que forma? Os Srs. Deputados querem
reorientar para o investimento fundos que nos são emprestados para fazer face a funções básicas do Estado.
Como?
Sr. Deputado, esta é a minha pergunta: o Sr. Steinbrück deu a garantia de que, se for chanceler alemão, se
ganhar as eleições na Alemanha, vai fazer uma reorganização dos programas de assistência, nomeadamente
de Portugal? O Secretário-Geral do PS, através de V. Ex.ª, pode aqui assumir que, se o Sr. Steinbrück for
chanceler alemão, Portugal terá então mais tempo, juros mais baixos e serão injetadas verbas e dinheiro na
economia portuguesa? Pode o Secretário-Geral do PS, através de V. Ex.ª, garantir isso?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Uma vez que o Sr. Deputado Vitalino Canas pretende responder
conjuntamente aos dois pedidos de esclarecimento, tem agora a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Vitalino Canas, por todo o respeito que
tenho por si, não esperava vê-lo a entrar na onda facilitista e populista de que a estratégia última do Partido
Socialista anda tão preenchida. É uma estratégia populista que faz com que, em Portugal, pelos vistos, não
precisemos de Syriza, porque temos o Partido Socialista, que não é capaz de ter argumentos, não é capaz de
ter política, não é capaz de ter qualquer tipo de argumentação convincente. E digo-lhe isto, Sr. Deputado,
dentro do espírito com que fez a sua intervenção.
O Sr. Deputado veio invocar o périplo do Primeiro-Ministro irlandês, veio falar das visitas de um primeiro-
ministro a vários chefes de Estado, o que o nosso Primeiro-Ministro também faz e é uma atitude corrente, mas
esqueceu-se de dizer, por exemplo, que, hoje mesmo, a União Europeia concedeu — e foi um caso de
sucesso, pois foi preenchido o empréstimo a Portugal no âmbito dos acordos de assistência — 1 bilião de
euros à Irlanda e 2 biliões de euros a Portugal na sequência dos dois exames de verificação dos acordos de
assistência técnica, sendo a sétima revisão no caso irlandês e a quinta avaliação no caso português. Foi
preciso o Sr. Primeiro-Ministro ir à procura deste dinheiro como o Primeiro-Ministro irlandês foi? Não foi
necessário. Todos nós vimos que basta preencher as condições, basta fazer aquilo que consta dos acordos
para que as coisas corram bem.
Sr. Deputado, há uma questão que queria colocar-lhe relativamente à sua intervenção, já que vem invocar
a necessidade de termos uma voz mais ativa nos Conselhos Europeus. Gostava de perguntar ao Partido
Socialista e, nomeadamente, ao Sr. Deputado, se no próximo Conselho Europeu, onde vai ser discutido o
quadro financeiro plurianual, o Partido Socialista terá alguma crítica a fazer ou se vai apoiar a posição que o
Governo português tem, até agora, assumido de uma forma firme, na defesa dos interesses do Estado