31 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — No que diz respeito à questão da linha para o reforço de
capital dos bancos, essa linha existe com este propósito desde o início do programa. Estamos numa crise de
dívida soberana e numa crise bancária, pelo que, neste momento, é prematuro especularmos sobre qual
poderá ser o destino dessa verba, no caso de não ser necessária para este efeito.
O Sr. Deputado Cristóvão Crespo levantou uma questão de grande importância, que, julgo, baliza todo o
debate do Orçamento do Estado para 2013.
Disse o Sr. Deputado Cristóvão Crespo que o acordo sobre estas linhas fundamentais, objetivos
quantitativos e medidas, foi condição para a conclusão bem-sucedida do quinto exame regular do programa de
ajustamento. Significa isso que, havendo margem para melhorar este Orçamento do Estado na Assembleia da
República, o caminho é muito estreito e a margem de manobra muito limitada.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do
Ambiente e do Ordenamento do Território.
A Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (Assunção
Cristas): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Orçamento que o Governo traz hoje a debate é um
Orçamento de um tempo muito especial, de uma emergência nacional e para ele todos somos convocados.
O orçamento do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território insere-se
também, natural e convictamente, no compromisso transversal de cortar despesa e contribuir para o esforço
que é pedido a todos os portugueses nesta proposta para o Orçamento do Estado de 2013.
À escala de um orçamento de pequena dimensão, damos um contributo para, no conjunto do Orçamento
do Estado, ajudar a corrigir largos anos de despesa inconsistente com as nossas receitas, largos anos de
despesa inconsistente que onera a nossa geração e a dos nossos filhos.
Ouço, por todo o País, pedidos de explicação, pedidos legítimos de quem está muito penalizado, em muitos
casos a sofrer e que quer entender o que estamos a fazer, por que razão o fazemos e qual vai ser o resultado.
Importa, por isso, explicar, e explico nesta parte que me está acometida do Orçamento do Estado para este
Ministério. É composto por receitas que provêm de impostos, por receitas próprias e ainda por outras,
essencialmente de fundos comunitários, que nos ajudam a estimular e a gerar crescimento económico.
As receitas provenientes dos impostos correspondem a 421 milhões de euros, as receitas próprias
representam pouco mais do que outro tanto e as outras receitas, maioritariamente fundos comunitários para a
agricultura, para o mar, mas também para o ambiente, representam 54% do total, ou seja, cerca de 1000
milhões de euros.
Ora, este orçamento para 2013 reflete, face à dotação inicial de 2012, um corte de 102 milhões de euros, o
que, se considerarmos o universo de 872 milhões de receitas próprias (as que vêm dos seus organismos e as
que vêm dos impostos), nos permite avaliar a dimensão do impacto.
De 2011 para 2012, o corte nos montantes proveniente das receitas gerais do Orçamento do Estado, ou
seja, dos impostos, correspondeu a 25% quando comparadas com as dotações iniciais. Deste ano para o
próximo, há um corte geral de 8,4%, no valor de 35 milhões de euros, porquanto um valor sensivelmente
idêntico da receita do Orçamento do Estado corresponde a um universo alargado de despesa, corresponde à
inclusão de mais organismos, como o Instituto de Meteorologia e a quase totalidade do IPTM (Instituto
Portuário e dos Transportes Marítimos, IP), num total de mais de 300 funcionários.
Mas a despesa não é toda igual, e porque não é toda igual podemos fazer este esforço criterioso. Ela não
se distribui da mesma forma pelos vários organismos e só é possível cortá-la olhando para a qualidade dessa
despesa. E esta é a nossa preocupação central.
É por isso que, só para dar alguns exemplos, posso dizer-vos (para terem uma ideia do que falamos
quando nos referimos a corte de despesa) que há uma redução de 14,6% na aquisição de bens, tal como há
uma redução de 14% em despesas com estudos, pareceres, projetos e consultadoria em geral, tal como há
uma redução de 14,6% com despesas de publicidade, ou de 13,5% em despesas de deslocações e estadas.