31 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Boa pergunta!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Há uma segunda pergunta que gostava de colocar-lhe, Sr. Ministro. Com uma
recessão crescente, sendo 2013 o terceiro ano consecutivo de recessão, como é que o Sr. Ministro pretende
pagar a dívida? Lembro que, com as políticas deste Governo, a dívida subiu para 120% do PIB este ano e,
segundo as previsões do Governo, subirá para 124% do PIB em 2013. Neste cenário de agravamento da
dívida pública em vez da sua diminuição, e com um cenário de recessão crescente, como é que se pretende
pagar a dívida pública? Não estaremos já, Sr. Ministro, a entrar naquele cenário de que falava o Sr. Primeiro-
Ministro hoje de manhã, de dívida descontrolada?
O Sr. Honório Novo (PCP): — E de um segundo resgate!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Quero colocar uma terceira pergunta, ainda tendo como pano de fundo as
declarações do Sr. Ministro da Economia.
Sr. Ministro das Finanças, quando é que reconhecerá finalmente que este caminho que o Governo tem
trilhado não é o adequado e é necessário renegociar a dívida pública?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Em abril de 2011, Sr. Ministro, quando o PCP propôs a renegociação da dívida,
os partidos da troica interna, o PS, o PSD e o CDS, rejeitaram esta proposta, considerando-a irrealista.
Contudo, ano e meio depois, já vários setores da sociedade portuguesa reconhecem a necessidade de
renegociar a dívida, inclusivamente aqueles que há ano e meio a rejeitaram categoricamente.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Ministro, entendemos que a renegociação da dívida é inevitável. A questão
não é saber se esta renegociação se fará, é saber quando se fará. A pergunta que queria deixar-lhe, Sr.
Ministro, insistindo, é esta: quando é que este Governo reconhecerá a necessidade de renegociar a dívida
pública, nos prazos, juros e montantes?
Por fim, já noutro plano, deixo uma outra pergunta.
O Governo tem repetido até à exaustão — e no relatório do Orçamento do Estado para 2013 escreveu-o
até à exaustão — que neste Orçamento do Estado há equidade na distribuição do esforço fiscal entre o capital
e o trabalho. A pergunta que quero colocar-lhe, Sr. Ministro, para perceber este estranho conceito de equidade
do Governo, é relativa à desagregação da verba acrescida de IRS que o Governo pretende cobrar em 2013.
No Orçamento do Estado prevê-se uma cobrança adicional de 2800 milhões de euros para 2013 em sede
de IRS, resultando este valor da reestruturação dos escalões de IRS, da aplicação da sobretaxa de 4%, da
redução de deduções à coleta na saúde, educação e habitação e, por fim, do aumento da tributação sobre
rendimentos de capital e sobre mais-valias mobiliárias. Contudo, no relatório do Orçamento do Estado, o
Governo optou por incluir esta tributação proveniente de rendimentos de trabalho e de capital numa única
rubrica — 2800 milhões de euros.
Sr. Ministro, queria pedir-lhe — com certeza, não terá esses números disponíveis — que desagregasse
estes 2800 milhões de euros de verba acrescida de IRS na componente que resulta da tributação de
rendimentos do trabalho e na componente que resulta da tributação de rendimentos do capital, para fazermos
uma continha e percebermos este estranho conceito de equidade fiscal que o Governo tem.
Esta é a pergunta que lhe deixo. Penso que o Sr. Ministro não terá dificuldade em desagregar esta verba
de 2800 milhões de euros nestas duas parcelas para então podermos avaliar a equidade fiscal — ou a falta
dela — no Orçamento do Estado.
Aplausos do PCP.