I SÉRIE — NÚMERO 25
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A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Discute-se, hoje, nesta Assembleia, não só uma alteração à legislação aplicável aos trabalhadores portuários,
mas também a forma desastrosa como o Governo, sistematicamente, exerce a governação.
Os portos são fundamentais para a economia nacional. É fundamental que sejam pontos de eficiência e
competitividade das cadeias logísticas, que viabilizem e potenciem as nossas exportações, que sejam um
aliado ativo do setor produtivo nacional e não elementos penalizadores, aos olhos dos mercados
internacionais.
As exportações têm sido o último reduto de esperança da nossa economia e é nossa obrigação criar
condições para o seu crescimento. Por isso, os portos portugueses têm de ser eficientes e ter uma
estabilidade laboral que dê garantia de bom funcionamento permanente aos agentes nacionais e
internacionais.
Os portos foram uma verdadeira prioridade política na governação, de 2005 a 2011. Investiu-se,
modernizaram-se, simplificaram-se. A sua notável evolução foi já, aliás, diversas vezes reconhecida por este
Governo e é uma realidade que se pode comprovar. Cresceram, impuseram-se nas rotas internacionais. A sua
movimentação cresceu mais de 15%.
Os portos não são, por isso, coisa menor em que possam ser aplicados experimentalismos amadores e o
exercício de prepotência de uma decisão distante de quem dita as regras sem ter de dar confiança a ninguém.
O Governo não pode, por isso, deitar tudo a perder. Durante meses a fio, o Governo pairou, enquanto os
portos entravam em ebulição e perdíamos exportações. Na televisão, exigiam bom senso e apoio político;
longe dos holofotes, mantinham-se na postura do costume, ou seja, governação majestática e arrogante.
Boa parte dos trabalhadores e empresários fizeram o que o Governo não fez. Os sindicatos afetos à UGT
andaram bem e assinaram um acordo. Os operadores portuários estiveram à altura, vindo a público garantir a
manutenção dos postos de trabalho. Nos portos de Sines e de Leixões, trabalhadores e empresários
sentaram-se à mesa e fizeram acordos, enquanto o Governo dizia coisas.
Temos consciência de que aumentar a competitividade é criar condições para incrementar a atividade
económica. Isto não é diminuir o emprego; pelo contrário, é aumentar postos de trabalho.
Não apoiamos o caos nem braços de ferro, que põem em causa a economia nacional, as exportações e o
emprego. E, Sr. Ministro da Economia, não temos memória curta nem mudamos de posição consoante
estamos no Governo ou na oposição. É isso que nos distingue, é isso que distingue o Partido Socialista do
PSD e do CDS-PP!
Aplausos do PS.
É bom que fique claro que, hoje, só não existe uma lei dos portos porque, em 2009, PSD e CDS-PP,
apesar de, informalmente, manifestarem concordância com a proposta do então Governo do Partido Socialista,
não a quiseram porque estávamos a poucos meses das eleições, mas agora querem porque estão no
Governo.
É isso que nos distingue: no Governo ou na oposição, o Partido Socialista mantém as suas convicções e
põe o País à frente dos seus interesses eleitorais.
No passado, como agora, com sentido de Estado e do dever nacional, o Partido Socialista viabiliza e apoia
medidas de reforço da competitividade da nossa economia, nomeadamente de redução dos custos logísticos e
da fatura portuária.
Por isso, vamos votar favoravelmente esta iniciativa,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Tanta conversa!… Afinal!…
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — … mas, porque também a queremos melhorar e contribuir, vamos
apresentar propostas de alteração e esperamos, muito sinceramente, que os partidos da maioria, PSD e CDS-
PP, saibam, em comissão, demonstrar a serenidade e a capacidade de negociação que o Governo não teve
ao longo deste ano.