31 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Solidariedade e da
Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, começo por responder às
questões dos Srs. Deputados Maria das Mercês Soares e Artur Rêgo.
Sr.ª Deputada, de facto, relativamente ao ano de 2012, foi possível que o saldo da segurança social, que
estava previsto no Orçamento retificativo ser de 37 milhões de euros, tenha sido substancialmente melhorado
para 413 milhões de euros, o que se deve a um conjunto de fatores dos quais dois são muito importantes. O
primeiro é uma redução acima do que estava inicialmente previsto nas despesas de administração, isto é, nos
consumos da própria máquina, da própria burocracia da segurança social, e também uma recuperação da
cobrança coerciva, sendo estes os grandes fatores que permitiram que o saldo da segurança social fosse mais
elevado.
É exatamente isso, Sr.ª Deputada, que nos permite tomar um conjunto de medidas — e aproveito para
responder também já, em parte, à Sr.ª Deputada Helena Pinto —, como, por exemplo, um aumento, uma
majoração, em 25 milhões de euros, das medidas pontuais de apoio às famílias que têm hoje maiores
carências.
Para ter uma noção, Sr.ª Deputada, direi que, em 2009, essa verba era de 16 milhões de euros; em 2010,
foi reduzida para 10 milhões de euros; em 2011, no Orçamento do Estado, foi reduzida para 9 milhões de
euros, que é cerca do que executámos em 2012. Ora, percebemos claramente, Sr.ª Deputada, que num tempo
como este, que é um tempo extraordinariamente difícil para muitas famílias que são confrontadas com a
desestruturação familiar, com o desemprego, era fundamental ter um conjunto de apoios específicos que as
pudesse ajudar.
Foi exatamente por isso que passámos desta verba, que era cerca de 9 milhões de euros, para um
adicional de 25 milhões de euros, sempre com a noção que temos de estar mais próximos de quem menos
tem e de quem mais precisa. Mas percebemos também que era fundamental envolver as instituições sociais
nesta gestão, e aproveito também para responder à Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, porque é essa a
experiência que temos com as cantinas sociais.
Dissemos muito claramente que a resposta das cantinas sociais tinha de ser uma resposta extraordinária,
tinha de ser uma resposta pontual para um tempo que é extraordinário e muito difícil. Queremos que seja este
Governo, que abriu um conjunto de cantinas sociais — mais de 600 no final do ano —, a encerrar cantinas
sociais, porque isso é claramente o sinal de que, do ponto de vista da crise económica e financeira e do seu
reflexo social, as coisas já estavam a ser diferentes. Essa também é a nossa expetativa, esse é o nosso
desafio.
Relativamente a um conjunto de perguntas que foram colocadas pelos Srs. Deputados Cecília Honório,
Rita Rato e José Luís Ferreira, queria só referir uma coisa que me parece muito importante: há, de facto, uma
falha de base no discurso destas três bancadas, que é dizer, ou sugerir, que aquilo que o País tem de fazer
neste momento é rasgar o acordo com os seus credores, é ignorar o Memorando de Entendimento, o que
tinha como consequência óbvia que Portugal perdesse o crédito que hoje nos é concedido; o que aconteceria
era que Portugal seria lançado num isolamento e numa exclusão social estrutural por muitos anos e isso era
condenar a sociedade portuguesa ao empobrecimento, coisa que nós não fazemos.
Sabemos que temos uma curtíssima margem de manobra entre o cumprimento do Memorando de
Entendimento e medidas de apoio social e foi exatamente em contraste com o que aconteceu no passado que
aumentámos as verbas da ação social, que criámos o Programa de Emergência Social, que aumentámos as
pensões mínimas. Mas, mais do que isso, Srs. Deputados, foi exatamente neste tempo que foi possível criar
proteção social no desemprego para mais 320 000 portugueses que não a tinham, como, por exemplo, os
trabalhadores independentes economicamente dependentes de uma mesma entidade ou os pequenos e
médios comerciantes ou empresários que estavam excluídos de qualquer apoio social.
Relativamente à pergunta do Sr. Deputado Mário Ruivo, agradecendo-lhe como é óbvio, quero dizer-lhe
que foi este Governo que, de uma forma absolutamente clara e transparente, informou que haveria um reforço
das verbas, nos Orçamentos do Estado para 2012 e 2013, para a segurança social. Não fizemos o que
aconteceu no ano eleitoral de 2009, que foi uma transferência ou um consumo do saldo da segurança social