8 DE FEVEREIRO DE 2013
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes, quando
apresentam projetos de lei à Assembleia da República não estão à espera que as Sr.as
Deputadas e os Srs.
Deputados lhes venham reconhecer mérito, deixando-nos isso profundamente satisfeitos, para, depois,
votarem contra, porque isso não é reconhecimento de mérito absolutamente nenhum.
Os Verdes estão aqui, com grande seriedade, a querer resolver um problema, que julgo que todos
reconhecem existir e, por isso, era importante que todos déssemos a mão, já que é muito fácil resolvê-lo. É tão
simples como isto!
Até estava curiosa para perceber qual era a habilidade que a maioria e, neste caso, também o PS trariam à
Assembleia da República para recusar aquilo que é irrecusável. E, então, qual foi a habilidade? «Vamos
remeter isto para a concertação social, porque respeitamos muito a concertação social». Não, não respeitam!
Os senhores não respeitam a concertação social, porque se os senhores, do PS, do PSD e do CDS,
respeitassem a concertação social, o salário mínimo nacional, em 2011, era de 500 €. Houve acordo não
houve, Sr.as
e Srs. Deputados?! Concertação social… Tudo desrespeitado!
E os senhores, agora, dizem «vamos remeter para a concertação social» porquê? Porque os senhores
sentem medo de resolver esta matéria. Não sei nem me perguntem, Srs. Deputados, de quem é que têm
medo. É das empresas? É do Governo? Não sei, mas quero dizer-vos uma coisa, Sr.as
e Srs. Deputados: cada
dia que passa, cada dia que esta matéria é adiada, há pais e crianças a sofrer, que estão inibidos de gozar
uma assistência a filhos de que deveriam gozar, porque ela não deveria ficar estanque a partir de 1 ano de
idade. E os senhores dizem assim: «Mas a assistência a filhos deficientes não se resume ao artigo 54.º». Sim,
mas cada artigo tem um regime diferente e este regime não implica perda de remuneração, Sr.ª Deputada
Maria Conceição Pereira, e aquilo que a Sr.ª Deputada citou ou é para doença concreta ou implica perda de
remuneração.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sabe muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Portanto, não vamos criar mecanismos e ginástica com as
palavras, para que as pessoas, lá fora, pensem que existe uma coisa que não existe.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Isto era da mais elementar justiça, Sr.as
e Srs. Deputados.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Estão fartos de saber!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Querem remeter para a concertação social? Bom, os senhores,
infelizmente, são a maioria e, por isso, a questão não se vai resolver na Assembleia da República, mas, agora,
quero ver a vossa eficácia para a resolução da matéria na concertação social.
Podíamos a aprovar isto, na generalidade, hoje, ou amanhã, que é dia de votações, e depois ouvíamos
todos os parceiros sociais.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Tenho a certeza absoluta de que nem um, repito, nem um diria
que não!
Bom, remetam para a concertação social, mas resolvam. Se este projeto de lei, de Os Verdes, mesmo
chumbado pela maioria e pelo PS, for um pontapé de saída para resolver a questão, Srs. Deputados, na
situação em que estamos, com esta maioria, já me dou por satisfeita.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.