8 DE FEVEREIRO DE 2013
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Esta é a situação do País: aumenta tudo e, afinal, até quem tem emprego, até quem tem trabalho, gasta
em transportes públicos o que não era pensável há algum tempo atrás. E está tudo ligado, Sr.as
e Srs.
Deputados: a estratégia do Governo, de aumento das tarifas, não resolve o problema do endividamento, reduz
o número de passageiros e torna impraticável a vida das pessoas.
É sobre isso que temos de discutir e sobre promessas ficcionais do Governo, de aumentos que ninguém
vê, porque, verdadeiramente, são todos, todos, acima da percentagem que foi fixada pelo Governo.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O que as populações sentem, no dia-
a-dia, e ainda mais no dia de comprar o passe, é o que nós aqui dizemos: os aumentos dos transportes são
um roubo e os preços não podem aumentar nem 10%, nem 1%, nem 0,5%, porque já aumentaram demais!
O que se passa na vida real é que há milhares e milhares de pessoas que estão a pagar pelo seu passe
mais do dobro do que pagavam há dois anos, quer por via dos aumentos diretos de tarifário, quer pelas
mudanças de bilhetes e passes, com destaque para o fim dos passes 4_18, Sub23 e para reformados,
pensionistas e idosos.
Para quem usava o passe urbano no Metropolitano de Lisboa, o aumento foi de 87% e, no caso de serem
estudantes ou reformados, o aumento chega aos 274%! Depois deste roubo aos utentes dos transportes, o
que é exigível não é aumentar mais 1% ou 0,9%, é inverter esta política, é revogar esses aumentos e acabar,
de uma vez, com esse escândalo, é devolver aos estudantes os passes 4_18 e sub23, é devolver aos
reformados o passe que tinham antes.
Por isso, não podemos acompanhar a recomendação do Bloco de Esquerda de que sejam eliminados os
aumentos tarifários abusivos, como se, neste contexto, pudessem existir aumentos não abusivos. Abusivos
são os preços que estão a ser praticados e o que é preciso fazer é baixar esses preços.
Quando os trabalhadores, os reformados, os jovens enfrentam dificuldades cada vez mais graves nas suas
vidas, quando aumentam, de forma insuportável, os impostos e os preços dos bens essenciais e, entretanto,
são cortados apoios sociais de toda a ordem e retirados os subsídios de férias e de Natal, o Governo e os
Deputados da maioria vêm dizer que é mesmo assim que tem de ser, que é com estes aumentos que se
defende o serviço público e se garante o transporte.
Se há alguém a ganhar com isto, são os operadores privados, que continuam a agir na impunidade,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … protegidos pelo Governo, deixando as populações ao abandono e
chegando até ao ponto de anunciar, de forma inaceitável, como fez agora a Vimeca, que, simplesmente,
decidem sair do sistema do passe social. E ganham ainda mais os grupos económicos do setor financeiro, que
ganham milhares de milhões, em juros, com a gestão ruinosa das empresas públicas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Se o Metropolitano de Lisboa funcionasse gratuitamente, teria deixado de
receber 51 milhões de euros, que é o total das receitas operacionais registadas, mas o que perdeu, no mesmo
período, em derivados financeiros, os CDS (Credit Default Swap), foi um total de 238 milhões de euros. Ou
seja, o Metropolitano de Lisboa poderia ter funcionado gratuitamente durante mais de 4 anos e perderia menos
dinheiro do que aquele que foi perdido nas operações especulativas só em 9 meses.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma vergonha!