14 DE FEVEREIRO DE 2013
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Trata-se, portanto, de uma proposta inaceitável à luz dos princípios da autonomia financeira dos
municípios. E, para além disso, é ainda um monumental erro de gestão, porque com apenas 8,9% de receitas
do Estado os municípios são responsáveis por cerca de 36% do investimento público do País.
É ainda uma opção errada do ponto de vista político, porque esta proposta vai agravar ainda mais os
problemas existentes em cada concelho do País e obrigará as câmaras municipais a diminuírem
substancialmente os apoios às instituições, nomeadamente às instituições de natureza social, área em que,
como se sabe, o Governo se tem vindo a desresponsabilizar a passos largos.
Em conclusão, e para terminar, Os Verdes entendem que esta proposta do Governo é mais uma «facada»
na autonomia do poder local e terá consequências muito negativas para as populações, sobretudo numa altura
em que o Governo «está de saída» em tudo o que seja responder às necessidades das pessoas.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de
Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: A lei das finanças regionais é, naturalmente — e terá que ser sempre —, uma lei de
concretização da autonomia e não pode ser um instrumento de centralismo. Não pode, por isso, ser uma lei
que sirva para controlar as regiões autónomas, seja qual for o Governo que esteja na República ou em cada
uma dessas regiões.
O princípio fundamental da lei das finanças regionais é o da solidariedade. É também em nome dessa
solidariedade que é normal que, numa altura em que todo o País atravessa dificuldades, as regiões
autónomas contribuam para a recuperação, a nível nacional, de um equilíbrio financeiro que permita a todos,
incluindo às regiões autónomas, ultrapassar a dificuldade que neste momento vivemos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Obviamente, não poderemos ignorar exemplos de má gestão
que levam a que as regiões não sejam iguais na sua situação financeira e que, naturalmente, as opções que
cada um dos governos regionais possa tomar tenham consequências diferentes para o povo de uma e de
outra região autónoma.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas, em nome da mesma autonomia que enunciámos, cabe
ao povo de cada uma dessas regiões julgar os governos e a sua ação.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Entendemos que o debate de uma lei das finanças regionais
deve ser feito em nome do consenso. Por isso, não é bom que seja aprovada e que represente apenas a
posição do Governo da República, posição essa que seja a oposta à de ambos os governos regionais e à da
maioria de ambos os parlamentos de cada uma das regiões. E esse é o desafio essencial do trabalho a
desenvolver, em sede de especialidade: construir uma solução que, no final, permita ter um consenso mais
alargado do que aquele que existe no seu início.
Já vimos, hoje, que a disponibilidade do Governo da República para isso é total. Aliás, um porta-voz talvez
inesperado — o Sr. Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores — veio dizer que numa matéria técnica,
difícil, mas essencial, que tem a ver com o IVA, se chegou a consenso entre o Governo da República e o
Governo da Região Autónoma dos Açores.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!