14 DE FEVEREIRO DE 2013
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tem feito propostas, tem-se barricado numa lógica do contra e não tem estado à altura dos seus pergaminhos,
na lógica da liberdade local.
Por exemplo, não ouvi o Partido Socialista falar no alargamento do perímetro da consolidação das contas
dos municípios. A partir do momento em que esta lei entrar em vigor, todas as entidades que estão na periferia
do município estarão obrigadas à mesma lógica de prestação de contas. Isso é uma novidade e é
extremamente positivo!
Não ouvi o Partido Socialista falar na criação de um mecanismo concreto de saneamento financeiro dos
municípios que estão em péssima situação financeira, e isso devia ser realçado e, se calhar, também
aplaudido.
Para terminar, Sr. Presidente, gostaria de lembrar o seguinte: o Partido Socialista, há dias, elaborou um
documento — interno, mas com grande retumbância mediática nacional — que ficou conhecido por
«Documento de Coimbra», uma espécie de Tratado de Tordesilhas entre as duas grandes fações que se
digladiam dentro do Partido Socialista. E uma das primeiras conclusões desse Documento de Coimbra é
exatamente a ideia de que a atual direção do PS e a sua direção parlamentar deveriam fazer a defesa
denodada das soluções preconizadas pelo Governo anterior, o Governo de José Sócrates.
Pois é pena que o Documento de Coimbra tenha sido já violado aqui, hoje, porque grande parte dessas
soluções — e isso foi dito aqui por um Deputado da extrema-esquerda radical — já estava prevista na
proposta de lei anterior, feita pelo Governo anterior e que, agora, com o constrangimento do Memorando
assinado com a troica, nós também fomos obrigados a repristinar.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E é uma pena que o Partido Socialista não tenha estado à altura
dos seus pergaminhos e não tenha defendido aquilo que, no Documento de Coimbra, também plasmou.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra, por 37 segundos, o Sr.
Deputado Mota Andrade.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.as
e Srs. Deputados: É, de facto, pena que leis
tão importantes, e que, para perdurarem no tempo, deviam ser objeto de uma maioria qualificada, sejam
tratadas desta forma.
Lamento imenso a última intervenção, a intervenção do Deputado Carlos Abreu Amorim. Quero, aliás, dizer
ao Deputado Carlos Abreu Amorim, que falou em municípios que estão com grandes dificuldades financeiras,
que a sua candidatura, já anunciada, é precisamente a um município que tem enormes dificuldades
financeiras…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Isso é mentira!
O Sr. Mota Andrade (PS): — … e que não é governado pelo Partido Socialista.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Agora, é a zanga das comadres!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Quero também, desde já, frisar que o PS não aceita a figura, que consta da
lei, do gestor de acompanhamento. É que essa é uma clara violação da autonomia do poder local, consagrada
na Constituição da República.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!